Curitiba – No programa de governo que enviou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2014, o governador do Paraná, Beto Richa, não registrou propostas de políticas públicas detalhadas e especificamente voltadas para as mulheres.
Beto Richa (PSDB), que concorria à reeleição, descreveu no texto as “conquistas” de seu primeiro mandato. Disse que, no Paraná, as mulheres não estavam em desvantagem em relação aos homens no que diz respeito ao mercado de trabalho.
No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, a agência Lupa volta às promessas feitas às eleitoras nas campanhas de 2014 e 2016 para ver se saíram ou não do papel. Trata-se da série SobreElas.
Beto Richa, no programa de governo que registrou no TSE em 2014, usa dados de 2012 para embasar seu programa de governo e afirmar que, no Paraná, as mulheres não estavam em “situação de desvantagem”. Mas, segundo o IBGE, naquele ano, enquanto 69,8% da população masculina estava inserida no mercado de trabalho no Estado, entre a população feminina, esse índice caía para 64,4%. Ou seja: os dados de inserção no mercado de trabalho mostram que, sim, havia desigualdade entre os gêneros.
Além disso, as mulheres recebiam, em média, 18,8% a menos do que os homens no Paraná em 2012, de acordo com a Relação Anual de Indicadores Sociais do Ministério do Trabalho. Os dados mais recentes disponíveis mostram que essa diferença ainda era de 15,5% em 2016. E, apesar de as mulheres estudarem mais do que os homens, elas ganham muito menos do que eles nos cargos que exigem nível de escolaridade avançado. Nas vagas de grau superior completo, essa disparidade era de 41,5% em 2012 no Paraná. Em 2016, de 36,4%.
Em nota, Richa sustenta que a diferença salarial vem caindo no Estado. Segundo ele, dados do IBGE compilados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social) mostram que a diferença era de 32% em 2012 e de 26% em 2016 – sempre em favor dos homens.