Toledo terá, em breve, mais um espaço para as famílias realizarem atividades físicas e recreativas próximas à natureza. Trata-se do Parque Urbano Professor Darcy Ribeiro, que oferecerá 16.169,84 metros quadrados de área verde na região central da cidade.
A criação deste espaço se deve à doação de Vera Barth, primogênita de Willy Barth, diretor da Madeireira Rio Paraná (Maripa), empresa responsável pela colonização de Toledo. O ato de cessão ao município foi realizado na manhã desta quarta-feira (30) na Sala de Reuniões do Gabinete do Prefeito e a doadora foi representada pelo arquiteto Ênio Luiz Perin, que assinou o projeto do Parque Ecológico Diva Paim Barth, mãe de Vera. “Todos os encargos para a implantação do Parque Darcy Ribeiro ficará a cargo da família Barth, que tem um amplo histórico de colaboração para o desenvolvimento do nosso município”, destaca o secretário de Planejamento Estratégico, Norisvaldo Penteado de Souza.
Além da criação do parque, o projeto contempla ainda desmembramento de chácaras e supressão florestal para prolongamento da Rua General Estilac Leal, onde toda a infraestrutura (pavimentação asfáltica, meios-fios, iluminação e galerias pluviais) será instalada, bem como para a criação de três vias ecológicas (com calçamento em paver, iluminação, meios-fios e galerias pluviais) que servirão de ligação entre as ruas Raimundo Leonardi e General Estilac Leal, Áurea e General Estilac Leal e entrada ao parque pela Avenida José João Muraro. “Por muito tempo foi discutida a abertura das ruas Áurea e Estilac Leal, mas o Conselho do Meio Ambiente orientou para que isso não fosse feito, pois cortaria ao meio um área de mata nativa. As vias ecológicas deste projeto representam uma maneira inteligente de equilibrar urbanização e meio ambiente e o resultado disso será mais um lindo parque para a população”, pontua Norisvaldo.
Outro ponto importante da proposta trata da criação de 12 lotes urbanos (área total de 8.430,90 metros quadrados) que ficarão situados entre a Raimundo Leonardi, a General Estilac Leal e a via ecológica que liga as duas ruas. “Com a doação desta área verde para o município, planejamos executar o projeto em um ano. Nos arredores dos terrenos que serão comercializados haverá toda a infraestrutura urbana necessária e no entorno do Parque Darcy Ribeiro faremos o possível para minimizar o impacto ambiental desta intervenção. Enfim, todos só têm a ganhar com isso”, destaca Ênio.
Quem foi Darcy Ribeiro?
Antropólogo, educador e romancista, Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros/MG, em 26 de outubro de 1922, e faleceu em Brasília/DF, em 17 de fevereiro de 1997. Graduado em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e especialista em Antropologia, foi etnólogo do Serviço de Proteção aos Índios, órgão em que atuou no estudo de várias tribos, na criação do Museu do Índio e na criação do Parque Indígena do Xingu.
Escreveu uma vasta obra etnográfica e de defesa da causa indígena, como o estudo de impacto de civilização sobre os grupos indígenas brasileiros elaborado para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e colaborou na preparação de um manual sobre os povos aborígenes de todo o mundo para a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Darcy foi diretor de Estudos Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (MEC) e presidente da Associação Brasileira de Antropologia e defendeu, junto com Anísio Teixeira, a escola pública por ocasião da discussão de Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Criou e foi o primeiro reitor da Universidade de Brasília (UnB) e foi ministro da Educação e chefe da Casa Civil do governo João Goulart.
Após exílio no exterior, retornou ao Brasil em 1976 e, a partir da anistia dada em 1980, voltou-se a dedicar à educação e à política, sendo eleito vice-governador do Rio de Janeiro em 1982. Com Leonel Brizola no Palácio das Laranjeiras, foi cumulativamente secretário de Estado da Cultura e coordenador do Programa Especial de Educação, ocasião em que implantou 500 Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) no estado do Rio de Janeiro e criou a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvim e o Sambódromo, onde colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar também como uma enorme escola primária.
Em 1990, Darcy Ribeiro foi eleito senador, função que exerceu defendendo vários projetos, como a lei dos transplantes que, invertendo as regras vigentes, tornou possível usar os órgãos de pessoas com morte cerebral para salvar pacientes vivos. Além disso, contribuiu para o tombamento de 98 quilômetros de belíssimas praias e encostas, além de mais de 1.000 casas do Rio antigo, bem como para a criação do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer.
Entre 1992 e 1994 ocupou-se de completar a rede dos Cieps, de criar um novo padrão de ensino médio, de implantar e consolidar a nova Universidade Estadual do Norte Fluminense. Em 1995, lançou seu mais recente livro, “O povo brasileiro”, que encerra a coleção de seus Estudos de Antropologia da Civilização, além de uma compilação de seus discursos e ensaios intitulada “O Brasil como problema”. Lançou, ainda, um livro para adolescentes, “Noções das coisas”, com ilustrações de Ziraldo.
Em 1996, Darcy entregou à Editora Companhia das Letras seus “Diários índios”, em que reproduziu anotações que fez durante dois anos de convívio e de estudo dos índios Urubu-Kaapor, da Amazônia. Ainda nesse ano, recebeu o Prêmio Interamericano de Educação Andrés Bello, concedido pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Por toda sua vida e obra, fez por merecer títulos de Doutor Honoris Causa das universidades de Sorbonne, Copenhague, do Uruguai, da Venezuela e da UnB. Por este motivo, o professor Darcy Ribeiro é um dos intelectuais brasileiros mais conhecidos e reconhecidos em todo o mundo e dará nome a um importante parque que será implantado nos próximos meses em Toledo.