Política

Ministério da Defesa emite nota e contraria afirmações do TSE e do staff de Lula

TSE - Tribunal Superior Eleitoral
Urna eletrônica
TSE - Tribunal Superior Eleitoral Urna eletrônica

Brasília – Enquanto o presidente eleito Lula fazia declarações criticando a “estabilidade fiscal” e defendendo a ampliações dos gastos públicos, provocando reações negativas do mercado financeiro (confira matéria na página 6), o Ministério da Defesa emitiu nota oficial, ontem (10), com a “finalidade de evitar distorções do conteúdo do relatório” que foi entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O documento elaborado por uma equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação, “embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”

A nota oficial veio em reposta às declarações do próprio TSE, que logo após receber o relatório, afirmou que “assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, (o relatório) não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022. Para o TSE, “as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e as Eleições de 2022 comprovam a eficácia, a lisura e a total transparência da apuração e da totalização dos votos”.

Conhecidos setores da imprensa nacional também afirmaram que o relatório ‘atestou’ o resultado das urnas que continuam sendo questionados por manifestantes em todo o Brasil.

Esclarecimentos

A nota de ontem, o Ministério da Defesa afirmou que “o relatório indicou importantes aspectos que demandam esclarecimentos. Mais uma vez o ministério reiterou que “houve possível risco à segurança na geração dos programas das urnas eletrônicas devido à ocorrência de acesso dos computadores à rede do TSE durante a compilação do código-fonte”. Também reafirmou que “os testes de funcionalidade das urnas (Teste de Integridade e Projeto-Piloto com Biometria), da forma como foram realizados, não foram suficientes para afastar a possibilidade da influência de um eventual código malicioso capaz de alterar o funcionamento do sistema de votação”.

O ministério reiterou a reclamação dos técnicos das Forças Armadas que o acesso para elaboração do relatório restrito. “Houve restrições ao acesso adequado dos técnicos ao código-fonte e às bibliotecas de software desenvolvidas por terceiros, inviabilizando o completo entendimento da execução do código, que abrange mais de 17 milhões de linhas de programação”, traz a nota, completando que “em consequência dessas constatações e de outros óbices elencados no relatório, não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento”.

Urgência

Diante das constatações, “o Ministério da Defesa solicitou ao TSE, com urgência, a realização de uma investigação técnica sobre o ocorrido na compilação do código-fonte e de uma análise minuciosa dos códigos que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas, criando-se, para esses fins, uma comissão específica de técnicos renomados da sociedade e de técnicos representantes das entidades fiscalizadoras”.

A nota foi concluída reafirmando o “compromisso permanente da Pasta e das Forças Armadas com o Povo brasileiro, a democracia, a liberdade, a defesa da Pátria e a garantia dos Poderes Constitucionais, da lei e da ordem”.

Foto: Ilustração/Ministério da Defesa

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Lula reúne parlamentares, promete diálogo e critica volta da fome nos últimos 10 anos

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu ontem (10) com parlamentares das bancadas aliadas e disse que quer manter diálogo aberto com o Congresso Nacional e com todos os partidos políticos. Lula esteve pela primeira vez no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o gabinete de transição.

Lula falou sobre a fome do Brasil, pauta que será prioridade no seu governo. Ele disse que esperava que a fome voltasse ao país após ter deixado o governo, nos governos de Dilma, Temer e Bolsonaro. “Quando deixei a Presidência da República imaginava que nos 10 anos seguintes esse país estaria igual a França, Inglaterra, teria evoluído do ponto de vista das conquistas sociais”, completou.

Manifestações

Durante seu discurso, Lula ainda falou direto aos manifestantes que estão nas ruas, “inconformados com o resultado eleitoral”, e pediu que voltem para casa, aceitem a democracia. Segundo ele, o seu governo será “para todos”. “Democracia é isso, um ganha e outro perde, é assim em qualquer política”, disse, lembrando que perdeu três eleições para presidente antes de ser eleito em 2002.

Lula citou o relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas e disse que o dever de auditar e fiscalizar as eleições é da sociedade civil, dos partidos políticos e do Congresso Nacional, não das Forças Armadas.