O presidente Lula trocou o comando da Caixa Econômica Federal. O anúncio foi feito ontem (25), pelo Palácio do Planalto, após reunião de Lula com a presidenta do banco, Rita Serrano. O economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, indicado do “Centrão”, assumirá o cargo. De acordo com a nota da Secretaria de Comunicação, o presidente agradeceu o trabalho e dedicação de Rita nesses meses à frente da Caixa. Em sua gestão, foram inauguradas 74 salas de atendimento para prefeitos em todo o país, cumprindo um compromisso de campanha de Lula, de criar espaços de diálogo com os gestores locais.
“Serrano cumpriu na sua gestão uma missão importante de recuperação da gestão e cultura interna da Caixa Econômica Federal, com a valorização do corpo de funcionários e retomada do papel do banco em diversas políticas sociais, ao mesmo tempo aumentando sua eficiência e rentabilidade, ampliando os financiamentos para habitação, infraestrutura e agronegócio”, diz a nota.
“O governo federal nomeará o economista Carlos Antônio Vieira Fernandes para a presidência do banco, dando continuidade ao trabalho da Caixa Econômica Federal na oferta de crédito na nossa economia e na execução de políticas públicas em diversas áreas sociais, culturais e esportivas”, acrescentou.
“Concessões”
Durante a instalação e posse do Conselho da Federação, colegiado formado por 18 representantes, em composição paritária dos poderes executivos, das esferas federal, estaduais, distrital e municipais, o presidente Lula disse que, entre outras coisas, fazer política é ‘fazer concessões: “Fazer política é um processo sistemático da gente fazer concessão, de conquistar, de conversar”.
“Cargo de Lira”
Ferreira é ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e a troca acontece em meio ao movimento do governo de ampliar sua base de apoio no Congresso Nacional. Nesse mesmo sentido, no mês passado, os deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) assumiram os ministérios do Esporte e dos Portos e Aeroportos, respectivamente. Fernandes é servidor de carreira da Caixa e presidiu o Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa. O economista também teve cargos no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Coincidência ou não, Arthur Lira incluiu na pauta de votação de ontem o projeto de lei que propõe a taxação de fundos offshores e fundos fechados. A inclusão do tema ocorre após a reunião de líderes no início da tarde e a demissão da presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano. Lira participou ativamente das negociações para a substituição da presidência da Caixa. O tema estava em discussão desde julho e bastidores apontam que a falta de definição do comando da Caixa era um dos “problemas” que trava no andamento das matérias na Casa. “Terminamos a reunião de líderes da Câmara dos Deputados com o presidente
ArthurLira. Depois de muito diálogo, fechamos a agenda de votações. Entre os principais itens da pauta está o PL dos offshores e dos fundos exclusivos (4173/23), entre outras importantes matérias”, disse o depuado José Guimarães (PT), líder do governo Lula na Câmara.
A votação do projeto estava prevista para terça-feira (24), porém, foi adiada por Lira. O projeto de lei de tributação de fundos exclusivos e offshores, também conhecido por “fundo dos super-ricos”, é uma das prioridades da Fazenda. O intuito do PL é aumentar a arrecadação do governo por meio de taxações de aplicações financeiras fora do Brasil (offshores), entre 15% e 22,5%, e taxações de fundos exclusivos do Brasil (onshores) em 6% – a Fazenda estima arrecadar cerca de R$ 7,05 bilhões no próximo ano com a medida.