Problema antigo da maioria dos municípios, em Cascavel a falta de vagas nos Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil) é agravada pelo descaso das próprias mães. Relatório do PPCEE (Programa de Prevenção e Combate à Evasão Escolar) mostra números preocupantes em relação a encaminhamentos ao programa nos Cmeis. Só em 2017, ao menos 176 alunos que estavam nos Cmeis simplesmente deixaram de aparecer, sem que houvesse qualquer registro.
Situação que complica a vida de pais que aguardam na fila por vaga. “Com os Cmeis nós temos um grande problema quando, em caso de mudança de bairro ou cidade, os pais não nos comunicam. A vaga fica sem ser preenchida e só descobrimos isso por meio do programa, o que leva tempo. Depois de a instituição fazer o registro da falta da criança, que precisa estar ausente por pelo menos cinco dias consecutivos, o Programa vai à busca da família e, até descobrir a mudança, outro aluno poderia estar ocupando a vaga”, alerta a secretária de Educação, Márcia Baldini.
Ela ressalta a necessidade de baixar a vaga que não será mais ocupada. “Quando passarem por alguma questão de mudança, os pais precisam nos avisar e desistirem da vaga. Só assim conseguimos convocar outros alunos rapidamente e diminuir a fila de espera, que hoje já chega a 4 mil crianças” em Cascavel.
Evasão por série
Dados do estudo mostram as séries que mais registram encaminhamentos de evasão no Município: Pré I e Pré II foram as séries que mais realizaram encaminhamentos, 165 cada um, seguido do quarto ano, com 152, e do quinto ano, com 134.
Esses últimos registros, de acordo com a Secretaria de Educação, estão relacionados à entrada dos estudantes na adolescência. “Essa fase é complicada. A entrada deles na adolescência é caracterizada por uma maior resistência também, até rebeldia. Então os pais precisam estar ainda mais atentos nessa fase, para que casos de ausência escolar não aconteçam”, reforça a secretária.
Ainda de acordo com o relatório das instituições municipais, a escola que mais registrou encaminhamentos foi a Maria Tereza Abreu Figueiredo, com 59 informes, seguida da Escola Edison Pietrobelli, com 55 situações, Artur Carlos Sartori, com 45 encaminhamentos em 2017.
O percentual de encaminhamentos na rede municipal de ensino em 2017 foi de 3,61%, ou seja: 1.070 alunos dos 29.631 matriculados deixaram de frequentar a escola. Número considerado baixo pela Secretaria de Educação: “Nós temos baixa evasão e baixamos o número com o passar dos anos, mas ainda é um número preocupante que deve ter a nossa atenção”, acrescenta Márcia.
Audiência Pública
O PPCEE (Programa de Prevenção e Combate à Evasão Escolar) foi implantado em Cascavel em 2011 e realiza o acompanhamento de situações de estudantes que se ausentam do espaço escolar por um período mínimo de cinco dias consecutivos ou de sete dias no mês. Mas a ideia da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de Cascavel é tornar o Programa uma política pública municipal e a mudança será discutida em audiência pública nesta quarta-feira, dia 15 de agosto, às 19h, no plenário da Casa de Leis. “A necessidade de o programa virar política pública é porque assim ele fica independente do governo ou do chefe do Núcleo de Educação, por exemplo, e não corre o risco de acabar numa troca de governo, por exemplo”, explica o vereador Paulo Porto, que faz parte da Comissão de Educação da Câmara.
Opinião que é compartilhada pela secretária de Educação, Márcia Baldini. “O Programa já existe e funciona muito bem e o maior benefício que a lei traria é a garantia de permanência dele no Município”, ressalta.
O Programa
Hoje o programa é realizado por meio de uma parceria entre o Município e o Estado. O coordenador do programa, José César Sagrillo, reafirma a necessidade de mais segurança para a realização do trabalho: “A legalização do Programa vai definir as obrigações de cada um dos parceiros e vai dar mais segurança em relação a uma equipe formada, que este ano até agora não temos. Além de dar uma personalidade jurídica para as ações do Programa, que seria um avanço para nós já que não há registro de outro programa com esse atendimento semelhante ao nosso no Estado e talvez nem no País, então é preciso valorizar o que nasceu aqui”.
Uma maior cobrança dos gestores públicos também será discutida durante a audiência pública: “Precisamos criar uma política pública que não puna apenas os pais dos alunos, como existe hoje, mas que puna também os gestores, visto que a evasão às vezes é consequência da má qualidade do ambiente escolar e da falta de vagas”, defende Paulo Porto.
Amanhã você confere os números do relatório do PPCEE da rede estadual de ensino.
Novas vagas abertas
A Secretaria de Educação de Cascavel informa que neste mês de agosto 135 vagas estão abertas nos Cmeis. Elas estão divididas em turmas de berçário, maternal I e II e pré I e serão ocupadas por crianças cadastradas na Lista de Espera do Cadun.
Dentre as vagas uma novidade! Depois de muito tempo, muitas reivindicações e após uma grande reforma, foi aberta a turma do berçário do Cmei Estefani Galeski. São 20 novas vagas que atenderão a Lista de Espera da região do Bairro Santos Dumont.
A equipe do Setor do Cadun já começou a chamada das crianças e a orientação dos pais e/ou responsáveis quanto aos procedimentos de matrícula.
Para mais informações, ligue (45) 4001-2861.