Política

Coluna Contraponto do dia 19 de julho de 2018

Deputados em guerra contra o ex-secretário

O ex-secretário da Saúde no Governo Beto Richa Michele Caputo abusou dos poderes que tinha para fazer a própria campanha para deputado estadual. A acusação é de pelo menos três deputados da base governista (das gestões atual e passada) que tiveram seus territórios eleitorais “invadidos” por ele. Caputo repassava recursos da pasta diretamente para prefeitos dos municípios onde decidiu concentrar sua atuação política, em detrimento dos parlamentares que há anos os representam e onde são os mais votados.

Por conta e risco

Ao contrário de outros secretários – e até mesmo dos governadores – que sempre prestigiaram os deputados nas definições quanto ao destino e ao valor de verbas estaduais, Caputo resolveu fazer isso sozinho, sem ao menos comunicar e/ou prestigiar os deputados com consultas prévias ou com convites para atos públicos de repasse.

Clima de guerra

Caputo usava um método próprio para fazer repasses de recursos: em vez dos tradicionais convênios do governo com as prefeituras, sempre referendados pelos respectivos deputados, ele preferia cortar caminho e fazer transferências diretas de fundos estaduais de saúde para os municipais. Mas em troca de apoio para a própria candidatura. Às vésperas da campanha, o clima agora é de guerra.

General por Janaína I

Dado como certo até a noite de terça (17), o general Augusto Heleno amanheceu com seu nome retirado como companheiro de chapa de Jair Bolsonaro, candidato a vice. O Partido Republicano Progressista (PRP), ao qual é filiado o general, recusou nessa quarta-feira indicar o nome do militar para ser vice de Jair Bolsonaro (PSL) em candidatura à Presidência da República. Terça-feira, Bolsonaro indicou que anunciaria Augusto Heleno como vice, mas não houve acordo. O PRP informa, por meio de sua assessoria, que o general será candidato ao Senado pelo Distrito Federal.

General por Janaína II

Coligado ao governador petista da Bahia, Rui Costa, o nanico PRP não quis ceder. Agora, o PSL procura novas alternativas. Uma delas é a advogada Janaína Paschoal, filiada ao mesmo partido de Bolsonaro. A legenda procura fechar o nome do vice até o dia 22 de julho, quando está prevista a convenção para lançar a candidatura de Bolsonaro.

Ciro e as mulheres

Se soubesse que o procurador paulista, a quem se referiu como “filho da p…” por tê-lo denunciado por racista, é uma mulher, será que o candidato a presidente, Ciro Gomes, mudaria o xingo? É certo que sim. O ex-governador do Ceará sabe o quanto lhe custou aquela frase de que Patrícia Pilar tinha como função dormir com ele durante a campanha eleitoral em 2002.

Lembrando…

Famosa, respeitada como atriz, Patrícia fazia tratamento contra um câncer à época, estava sem cabelos, mas mesmo assim acompanhava o marido em atos públicos. Ciro paga até hoje pelo destempero. Não adiantou nem mesmo a defesa de Patrícia, que conviveu com ele durante 17 anos e afirma que nunca presenciou qualquer comportamento machista do ex-marido. A frase, segundo ela, foi tirada do contexto e utilizada pela oposição contra o candidato.

Boca fechada…

Agora, novamente Ciro Gomes se vê diante de uma situação complicada. Se chamar um procurador da República de “filho da p…” já é ofensivo, imagina em se tratando de uma Procuradora? Abre, de novo, a discussão sobre o machismo para um candidato com antecedentes. Ao menos quando se trata de se referir às mulheres, Ciro Gomes ganharia mais se ficasse calado.

É a hora do vale tudo

Do blog BR18, publicado no Estadão: A sociedade já se esgoelou cobrando ética e coerência dos políticos. Tudo em vão. O processo de formação das alianças eleitorais se transformou num vale-tudo sem qualquer coerência ideológica. O que conta é qual acordo vai produzir mais vantagens. E a reta final para fechar essas alianças está exibindo isso claramente.