Porto Alegre – O Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul), composto por Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, aprovou nessa terça-feira (15) a proposta de um plano de desenvolvimento integrado do grupo até 2040. O objetivo é criar um diagnóstico regional que identifique as agendas que cada governo deve promover para melhorar a qualidade de vida e potencializar o desenvolvimento econômico da região.
A ideia é que, a longo prazo, o plano transforme a união dos quatro estados em uma “OCDE brasileira”, referência à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, instituição internacional que reúne 38 países em prol do crescimento de suas economias locais.
O encontro, realizado no Palácio Piratini, em Porto Alegre, foi presidido pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e reuniu os governadores Eduardo Leite (RS), Carlos Moisés (SC) e Reinaldo Azambuja (MS).
“Esses quatro estados compartilham entre si a vocação do planejamento. Se hoje temos índices de desenvolvimento humano melhores que de outras regiões do Brasil e de outros países da América Latina, é porque se implementou a cultura do planejamento através do Codesul. Temos a obrigação de manter essa cultura de pensar o futuro, e, por isso, sugerimos a criação desse plano a longo prazo”, afirmou Ratinho Junior, atual presidente do Codesul.
O plano estrutura essa ação através de quatro pilares: uso intensivo de dados públicos, análise dos planos governamentais de médio e longo prazos, mobilização de especialistas regionais para aprofundamento de focos de ação prioritários e atuação articulada entre equipes do Codesul e BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul).
Consultoria
Com a aprovação, o plano passa a ser executado através de uma consultoria técnica, que vai definir os eixos prioritários e propor indicadores e metas a serem acompanhados. A fase atual é de análise, identificando as peculiaridades da região. Na sequência, o grupo deve construir a visão de futuro regional para os próximos 20 anos. Por fim, a última fase detalha quais passos devem ser seguidos para atingir os objetivos. O planejamento foi realizado pela empresa de consultoria em gestão MacroPlan.
“Esse vai ser um legado que deixaremos a futuros governos: uma visão coerente e planejada para o futuro que permite dar um salto na qualidade de vida e desenvolvimento econômico. Temos de olhar para além de nossas fronteiras. Pensando regionalmente, a gente amplifica a capacidade de crescimento de cada estado”, disse Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.
O que é
Criado em 1961, o Codesul integrava, primeiramente, os estados do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Em 1992, o Mato Grosso do Sul passou a integrar o grupo. O principal objetivo do órgão é buscar alternativas aos desequilíbrios regionais e potencializar questões comuns aos estados-membros, sobretudo em questões essenciais como desenvolvimento econômico e social, além de fomentar a integração dos estados-membros com o Mercosul.
Estados discutem estratégias na pandemia
A reunião também contou com os secretários de Saúde dos quatro estados. Eles apresentaram um panorama da estratégia de combate à pandemia de coronavírus em cada região e identificaram ações que possam mitigar problemas futuros relacionados à saúde.
Os secretários endossaram a dificuldade em comprar insumos para kit intubação, o que pode provocar escassez em períodos de intensa internação por covid-19. Com relação ao futuro, um dos problemas já antecipados é o acúmulo de cirurgias eletivas, que foram suspensas nos estados durante períodos de pico do coronavírus como forma de aliviar os sistemas de saúde.
Para amenizar esses problemas, os governadores deverão pedir ao Ministério da Saúde, por meio do Codesul, a unificação de uma agenda nacional que contemple tanto a organização das cirurgias eletivas como uma tabela de preços dos medicamentos de kit intubação.
“Vamos levar a sugestão ao ministro Marcelo Queiroga para que se criem pautas globais da saúde unificando o preço de medicamentos para compras no País e que se avance em um diagnóstico das cirurgias eletivas que ficaram represadas em vários estados brasileiros”, disse Reinaldo Azambuja, governador do Mato Grosso do Sul.
O secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, relembrou o avanço rápido da vacinação em diferentes frentes no Estado, que agora foi ampliada para a população geral. “Tivemos um êxito significativo na redução da internação de pacientes mais idosos e mais vulneráveis, que já foram vacinados e agora apresentam menos casos graves”, explicou.
O secretário pontuou as estratégias que desde o início da pandemia pautam a atuação do Paraná: aquisição e distribuição de equipamentos, expansão da estrutura hospitalar existente e estratégia de testagem em larga escala.
“Conseguimos, ao longo de um ano e quatro meses, implementar 4.908 leitos exclusivos para covid-19. É o equivalente a 50 hospitais de campanha dentro de hospitais já existentes, com estrutura consolidada à disposição dos pacientes”, reforçou Beto Preto.