Política

Centro de Atletismo pode virar novo elefante branco

Projeto milionário dos tempos dos Jogos Olímpicos está incompleto, com erros grotescos como instalação da rede elétrica

Cascavel – Um projeto que integrava o pacote de obras dos Jogos Olímpicos do Rio caminha a passos muito lentos em Cascavel. Dois anos depois, ele já teve até seu destino alterado e agora corre o risco de não funcionar, mesmo que a construtora concluísse seu trabalho hoje. Motivo: erros grotescos no projeto.

Mas os problemas do CNTA (Centro Nacional de Treinamento em Atletismo) de Cascavel se estendem também à falta de pagamento, cujo atraso já passa de 150 dias.

Hoje, tudo caminha para que o Centro vire um elefante branco. A obra estimada inicialmente em R$ 16,3 milhões deveria ter sido utilizada durante as Olimpíadas no Brasil. Hoje tem 85% da construção finalizada, e necessita dos acabamentos, que dependem da revisão elétrica e hidráulica. As falhas são grotescas.

O prosseguimento dos serviços depende de uma correção em projetos complementares, que nunca chegaram às mãos da empresa contratada: a N Dalmina. Hoje, se estivesse com toda a edificação concluída, nenhuma lâmpada seria acesa no “moderno” Centro de Atletismo, com seus 86.211,69 metros quadrados e área edificada de 7.948 metros quadrados. O projeto entregue à empresa não contempla entrada de luz e distribuição. “Não há padrão de luz”, diz, em tom de revolta, o empresário Nestor Dalmina, responsável pela execução das obras. “Depende agora do governo do Estado contratar esse projeto complementar. Estamos no aguardo há dois anos e não tenho mais o que fazer”, completa.

Estrutura

Além da pista e da arquibancada, o CNTA possui mais três edifícios – edifício de treino, centro de fisioterapia e alojamento. Fazia parte de um projeto do Ministério do Esporte e da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) de construir um local de treinamento e aperfeiçoamento para atender os Estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Por meio de parceria privada que arcou com os custos, o contrato da obra foi terceirizado a uma empresa de São Paulo. Ocorre que tal projeto foi entregue pela metade e mesmo sem todas as condicionantes foi licitado. Outra ilegalidade é apontada: o projeto elétrico aprovado pelo Corpo de Bombeiros não corresponde ao material que foi licitado – fato confirmado pela empreiteira que ganhou a licitação.

Recursos anunciados

Nestor Dalmina era um atento expectador ontem, durante visita da governadora Cida Borghetti (PP) e do ministro dos Esportes, Leandro Fróes. Na primeira oportunidade, questionou a governadora sobre os pagamentos em atraso. Cida lhe garantiu a liberação, pelo Estado, de R$ 1 milhão, valor que equivale às quatro parcelas atrasadas e devidas à empreiteira.

Cida também afirma que há capacidade financeira do Estado em implantar uma Escola Militar do Paraná na estrutura, proposta já discutida e definida ano passado. “Já está em tratativa a liberação de R$ 1 milhão para concluir a obra finalmente. O impacto será o efetivo de 26 oficiais à disposição da Escola Militar e toda metodologia gerenciada pela Escola Militar com supervisão da Secretaria de Estado da Educação”.

Escola Militar

Passada a Olimpíada, agora um acordo é firmado com o Ministério do Esporte para transferir a estrutura ao Estado para a implantação de uma Escola da Polícia Militar do Paraná, a segunda do Estado além de Guatupê, nas proximidades de Curitiba.

Ano passado, o tenente-coronel Mauro Celso Monteiro, comandante da Academia de Polícia Militar do Guatupê, afirmou que em 2018 alunos já seriam matriculados, prevendo um total de 230 em 2019 e outros 720 em 2021. Como a obra não ficou pronta, agora a promessa é de início de funcionamento ano que vem.