Brasília – Essa semana o plenário da Câmara dos Deputados foi palco de um episódio triste e lamentável. Descontrolado, o deputado federal Fernando Giacobo (PR) desferiu uma série de agressões e ameaças ao também deputado federal Alfredo Kaefer (PP), ambos do Paraná. Jornalistas de O Globo estavam no plenário e assistiram a tudo, podendo relatar com exatidão os xingamentos. “Vai tomar no c… Eu vou te pegar, vagabundo! Vou mostrar suas notas frias!”, gritava Giacobo, que teria corrido “enfurecido” em direção a Kaefer. A notícia ganhou repercussão nacional e foi reproduzida por jornais e redes sociais.

O deputado Alfredo Kaefer acionou a presidência da Câmara para que as providências sejam tomadas. Ele se sentiu ameaçado e chegou a pensar que seria agredido fisicamente. “Penso que não o fez pela minha deficiência física”, confessa Kaefer, que tem uma limitação motora devido à paralisia infantil.

O descontrole de Giacobo aconteceu devido a uma reportagem publicada pelo Jornal O Paraná na edição da última terça-feira (29). A notícia diz respeito a uma investigação solicitada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) da venda de um imóvel do deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) a Gilmar Marcelo, que é sócio de Giacobo. A reportagem cita ainda que ambos mantêm uma série de empresas no mesmo endereço, em Cascavel, local em que funciona a sede do PR, o partido de Giacobo. 

Leia a essa notícia na íntegra: 

Imóvel suspeito é vendido por um terço do valor para sócio de Giacobo

Meurer é o primeiro político julgado e condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no âmbito da Lava Jato. O imóvel em questão fica em Francisco Beltrão e era avaliado em R$ 3,4 milhões, mas foi vendido a R$ 1,1 milhão para o sócio de Giacobo. A PGR suspeita que a venda seja apenas uma tentativa de driblar o bloqueio de bens de Meurer, no valor total de R$ 7 milhões.

Repercussão

O primeiro jornal a divulgar o ocorrido foi O Globo, que assistiu a toda a agressão. Com o título: “Após publicação de jornal, deputado ameaça colega na Câmara: ‘Vou te pegar, vagabundo!’”, que acrescenta: “Giacobo (PR-PR) quis tirar satisfação com Alfredo Kaefer (PP-PR) no plenário da Casa”, a notícia de Bruno Góes foi veiculada por volta das 16h da quarta-feira (30), compartilhada por outros veículos em seguida.

Na Gazeta do Povo, Rogério Galindo trouxe o assunto sob o título “‘Vou te pegar, vagabundo’, diz deputado do Paraná a colega no plenário” na manhã da última quinta-feira (31). O jornalista repete os xingamentos de Giacobo e a tentativa de agressão física.

Ivan Santos, jornalista do site Bem Paraná, repercutiu a notícia também na quinta-feira: “Deputados do Paraná brigam na Câmara: ‘Vou te pegar, vagabundo’”, cita o título.

Vários colunistas e blogs também repercutiram a notícia, como Fábio Campana, Contraponto, Cícero Cattani, e outros.

Conselho de Ética

O deputado federal Alfredo Kaefer acionou a presidência da Câmara para que o presidente Rodrigo Maia saiba que está sendo ameaçado. Também quer uma investigação por parte do Conselho de Ética sobre quebra de decoro parlamentar de Giacobo.

Kaefer rebate os ataques de Giacobo de que reagiu por se sentir pressionado a arquivar “notas frias” do deputado, dizendo que nada tem a esconder e que poderiam investigar o que quisessem. A O Globo, Giacobo apenas respondeu que não podia falar sobre o caso.

Alfredo divulga nota de repúdio

Em suas redes sociais, o deputado federal Alfredo Kaefer (PP) divulgou nota repudiando as ameaças que sofreu na noite de terça-feira (29) no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. A agressão partiu do primeiro secretário da Câmara, deputado Fernando Giacobo. Confira a íntegra da nota:

Nota de repúdio

Agressão do deputado Giacobo

Venho a público lamentar e repudiar o fato ocorrido na noite terça-feira, no plenário da câmara, quando fui covardemente agredido pelo deputado federal e primeiro secretário da Câmara, Fernando Giacobo.

Infelizmente o deputado Giacobo estava descontrolado e em um ataque de fúria, com dedo em riste, desferiu diversos xingamentos impropérios e ameaças, (vai toma no…, vagabundo, vou te pegar). Pensei até que seria agredido fisicamente. Penso que não o fez, pela minha deficiência física.

A atitude de Giacobo se deu por conta de uma matéria estampada nacionalmente pelo Estadão e repercutida pelo jornal O Paraná, que apenas reportou uma transação de um imóvel, sob suspeita, no estado do Paraná, onde foi citado o nome de Fernando Giacobo.

Me sinto constrangido e profundamente ofendido com o fato, após três mandatos de vida pública, como deputado federal, ser humilhado em frente a deputados, assessores e jornalistas, e ver o caso repercutir nacionalmente.