Policial

PRF apreende arsenal e PF desarticula contrabandistas

Imagens fornecidas pela PF mostram a movimentação da quadrilha na fronteira

PRF apreende arsenal e PF desarticula contrabandistas

Guaíra – Em ações distintas de duas importantes forças de segurança que atuam na fronteira do Brasil com o Paraguai, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a PF (Polícia Federal) realizaram ações de combate ao crime organizado, ambas de ampla repercussão e que chamam a atenção pelas características dos suspeitos.

Em uma das frentes, a PRF apreendeu um arsenal com 16 pistolas escondidas em duas motocicletas e muita munição. Em outra, uma operação da PF desarticulou uma das principais quadrilhas de contrabando de cigarros e outros produtos trazidos ilegalmente do país vizinho. Esta operação foi realizada ontem em Guaíra e envolveu ao menos 40 agentes para o cumprimento de 11 mandados de prisão e 8 de busca e apreensão.

Chamada de Operação Integrum, ela teve como foco a desarticulação do grupo que trazia produtos ilegais por vias fluviais, com barcos e lanchas, principalmente. Entre os fatos mais curiosos está que a base para o descarregamento era um porto clandestino às margens do rio Paraná, bem próximo ao Nepom (Núcleo de Polícia Marítima da PF), em Guaíra.

As investigações apontaram que a maioria dos produtos era cigarros e eletrônicos. Todos os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Guaíra, mas não foi informado o período de atuação do bando nem quanto ele pode ter movimentado financeiramente.

O contrabando de cigarros é uma prática rentável às quadrilhas que atuam na fronteira. É por ela que passa a maioria do tabaco ilegal vendido por todo o Brasil. Somente no oeste a estimativa, das próprias delegacias da PF e de agentes que atuam no enfrentamento a este tipo de crime, é de que existam cerca de 30 destes grupos de médio e grande porte, além de uma infinidade de contrabandistas formiguinhas que movimentam todos os anos mais de R$ 5 bilhões, somente com os cigarros.

As investigações que culminaram na operação de ontem iniciaram após uma apreensão feita pela Receita Federal que prendeu em flagrante há alguns meses 7 pessoas enquanto descarregavam os barcos do lado brasileiro da margem do rio. Estima-se que existam hoje ao menos 150 destes portos clandestinos nas margens do rio Paraná, de Guaíra até Foz do Iguaçu. Os presos responderão por contrabando, descaminho, corrupção de menores e organização criminosa.

A PF explicou que o “nome da operação faz referência à reintegração da área utilizada como porto e base da organização criminosa, uma vez que está sendo viabilizada a restituição de áreas ilegalmente ocupadas ao seu legítimo proprietário que é a Prefeitura de Guaíra”.

Arsenal seria levado para o Rio de Janeiro

Santa Tereza do Oeste – A outra ação foi protagonizada pela PRF durante uma abordagem a dois motociclistas na BR-277 em Santa Tereza do Oeste, por volta das 7h30 de ontem. O arsenal era composto por 16 pistolas, todas de uso restrito com calibre 9 milímetros e numeração raspada, além de munições de pistola e de fuzil. Tudo estava em compartimentos secretos nas motocicletas que tinham como destino, segundo os condutores, o Rio de Janeiro.

Eram ao menos 868 munições, sendo mais de 500 para pistolas do mesmo calibre e o restante para fuzil 556, arma de alto poder de destruição e bastante utilizada por facções criminosas.

Os motociclistas que não tiveram a identidade revelada têm 29 e 37 anos. Segundo a PRF, a abordagem ocorreu no quilômetro 615 da rodovia, em um trecho que é considerado rota frequente de traficantes e contrabandistas que se abastecem de armas, drogas e munições no país vizinho para alimentar o crime organizado por todo o Brasil. Os presos foram levados à Delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu.

O arsenal teria sido pego no Paraguai. O tráfico internacional de armas tem pena prevista de quatro a oito anos de reclusão. No mercado legal, somente as armas custariam mais de R$ 100 mil.

Arsenal apreendido na região abasteceria o crime organizado no Rio de Janeiro

Reportagem: Juliet Manfrin