Foz do Iguaçu – A maior facção brasileira nascida no estado de São Paulo, o PCC (Primeiro Comando da Capital) e que tem no Paraná sua “segunda casa” tem sido fortemente ameaçada nos últimos meses.
Os serviços de inteligência das forças de segurança como da Polícia Federal e do sistema penitenciário federal têm monitorado as disputas de espaço e poder que começam a ser travadas com outros grupos rivais, a exemplo do caso envolvendo uma facção catarinense que deu origem à operação deflagrada ontem em Cascavel e Foz do Iguaçu (leia mais abaixo) e, principalmente, o principal grupo criminoso do Rio de Janeiro, o CV (Comando Vermelho).
Como o cerco vem se fechando cada vez mais para o PCC e suas ações criminosas, o Comando Vermelho aumenta seu interesse e líderes começam a fincar seus tentáculos na tríplice fronteira.
A disputa pela região que muito próxima do Paraguai tem motivos bem específicos: o tráfico de armas, de drogas e de munições e o contrabando de cigarros que movimenta um mercado bilionário e relativamente de fácil circulação com rotas rodoviária, aeroviária e fluvial bem traçadas para entrada e distribuição no País.
Com base no mapeamento dos serviços de inteligência, tem-se identificado que o PCC passa por dificuldades financeiras consideradas graves, sobretudo após a morte que teria sido encomendada por líderes da facção de dois agentes penitenciários na região, e algumas outras tentativas frustradas de ataques. Somado a isso, o grupo não tem obtido sucesso em algumas investidas de levantar recursos e, assim, os rivais cariocas estão aproveitando as brechas, fazendo as forças de segurança voltaram seus olhos também para esse bando.
Recentemente as investigações identificaram um acerto de contas entre os dois grupos – PCC e Comando Vermelho -, o qual vinha sendo articulado em um município na fronteira com o Paraguai numa espécie de demarcação de território.
Outra evidência da presença cada vez maior da facção carioca na região foi a identificação do envio de armas de grosso calibre de Cascavel para o Rio de Janeiro. Há poucos dias, a polícia apreendeu 11 fuzis avaliados em cerca de R$ 40 mil cada um, os quais saíram do Paraguai, chegaram a Cascavel por terra e daqui foram despachados como encomenda aérea, escondidos dentro de uma fritadeira elétrica.
A Polícia Federal de Cascavel identificou ao menos seis remessas semelhantes pelo mesmo grupo, mas garante que há outros casos.
Tribunal do crime contra facção catarinense
A guerra entre as facções teve mais um capítulo revelado ontem a partir da Operação Tribunal do Crime, deflagrada pela Polícia Civil em Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo, com nove pessoas suspeitas de integrarem o PCC. Um adolescente também apreendido. Eles são acusados de atentar contra a vida de um integrante de uma facção rival com origem em Santa Catarina, o PGC (Primeiro Grupo Catarinense).
O crime aconteceu na madrugada do dia 10 de outubro em Cascavel e a investigação foi conduzida pela Delegacia de Homicídios.
Ao saberem da presença de um representante do grupo rival PGC em Cascavel, os supostos faccionados do PCC realizaram uma espécie de “tribunal do crime”. Em contato com líderes do bando, inclusive alguns presos, orquestraram a morte e demonstrariam a revolta com bastante violência: a vítima foi amarrada, submetida a incessantes questionamentos sobre a facção rival, seguidas por agressões físicas. Heitor Simão, de 22 anos, seria levado para execução dentro do porta-malas de um carro. Mas ele conseguiu fugir, embora tenha levado dois tiros.
Outros suspeitos do envolvimento no crime já estavam presos e, assim, são 13 os encarcerados, além de um adolescente apreendido no dia da tentativa de homicídio.
A polícia investiga ainda outros suspeitos, inclusive alguns que estão presos, além de outros crimes dos quais eles teriam participado.