Curitiba – Como parte das atividades do Movimento Outubro Rosa, que chama atenção para ações de prevenção ao câncer de mama, o Detran-PR (Departamento de Trânsito do Paraná) divulgou ontem um perfil das mulheres no trânsito paranaense, mostrando que elas estão conquistando a habilitação cada vez mais cedo.
Das 56 mil CNHs emitidas para elas de janeiro a setembro deste ano, 63% foram para mulheres entre 18 e 24 anos. Todos os anos, em média, 37 mil condutoras novas com até 25 anos são habilitadas no Estado. Com o avanço da idade, entretanto, a procura pela primeira CNH diminui.
Até setembro foram emitidos 12 mil documentos para mulheres de 25 a 34 anos, cinco mil para mulheres com 35 a 44 anos, dois mil para mulheres 45 a 54 anos e 576 para mulheres com 55 anos ou mais. Os objetivos e valores de vida mudaram. Hoje elas têm independência financeira e precisam de alternativas de mobilidade, explica a psicóloga Salete Coelho Martins.
Dos mais de 5,4 milhões de motoristas do Estado, 33% são do sexo feminino, ou seja, o que representa 1,8 milhão de condutoras. Ainda segundo do Detran-PR, elas cometem menos infrações que os homens: de janeiro a setembro foram emitidas 44,6 mil multas contra eles e 15,7 mil contra elas.
As mulheres demonstram um comportamento cuidadoso e prudente ao volante, sendo mais cautelosas que os homens. Esse cuidado também é necessário na saúde e a prevenção e o diagnóstico precoce podem salvar vidas, lembra o diretor-geral do Detran-PR, Marcos Traad.
Independência
A estudante Caroline Cordeiro conta que conquistou a CNH com 20 anos, enquanto a mãe só passou pelo processo de habilitação aos 40 anos. A minha mãe sequer pensava em tirar a carteira antes, porque na juventude dela nunca teve incentivo da família. Já no meu caso foi natural pensar em dirigir, ser independente quanto a isso, diz. Para a esteticista Beatriz Meneguello Almeida, hoje com 22 anos, ter a CNH aos 18 foi essencial. Eu comprei um carro junto com a minha mãe e, com isso, posso ir trabalhar, estudar e passear sem depender dos outros, afirma.
Superação: mulher tira carteira aos 91 anos
A aposentada Vanda Davanso Gnann, de 91 anos, realizou um sonho antigo e se tornou motorista. Moradora de Ibiporã, no Norte do Estado, ela fez mais de 100 aulas práticas de direção e passou por sete processos até conquistar a CNH.
Eu nunca tive oportunidade de tirar a habilitação antes, mas sempre sonhei com isso. Queria provar que eu conseguiria e, mesmo com todos os contratempos, segui em frente. O que eu aprendi durante todo o processo, jamais vou esquecer, diz Vanda.
A nova motorista já comprou um carro e diz que pretende usá-lo bastante. Eu vou dirigir sim, quero passear. Vou fazer questão de praticar uma direção sadia, cuidadosa, obedecer às leis e contribuir para um trânsito melhor. No começo, minha família não entendia e era contra, mas agora eles já me apoiam e fizeram até festa, afirma.
Segundo o Detran-PR (Departamento Estadual de Trânsito), não há outros registros de pessoas que tenham feito a primeira habilitação nesta faixa etária. Ela foi extremamente persistente, mostrou que idade não é impedimento e passou por todos os testes e procedimentos obrigatórios, conta Marcos Traad.
Vale lembrar que não existe idade que impeça o motorista de começar a dirigir ou que o obrigue a parar de dirigir. O idoso pode tirar ou renovar a carteira de habilitação independente da idade, desde que comprove as habilidades necessárias. A única diferença é o prazo de validade da CNH, que passa de cinco para três anos ou conforme indicação médica.
Recém habilitada, dona Vanda agora faz parte dos 0,01% de motoristas paranaenses com mais de 90 anos. Dos 5,4 milhões de condutores registrados no Estado, apenas 815 estão nesta faixa etária e 92% deles são homens.