Quem passa pela Avenida Brasil em frente à Catedral Nossa Senhora Aparecida nessa segunda-feira (22) tem se deparado com cruzes na calçada, em alusão ao Dia Mundial em Memória às Vítimas do Trânsito. Eles remetem à morte de 61 vítimas no trânsito de Cascavel este ano; dessas, 23 vidas perdidas no perímetro urbano. Muitos ficam chocados. Mas se a presença da cruz choca pode-se ter uma ideia da dor das famílias que perderam pessoas nessas tragédias, a qual dura para sempre.
E esta é justamente a proposta do Cotrans/PVT (Comitê Intersetorial de Prevenção e Controle de Acidentes de Trânsito no Município de Cascavel/Programa Vida no Trânsito), do qual a Transitar faz parte: sensibilizar para evitar novas tragédias. “O objetivo é chamar à atenção para o fato de que vidas foram perdidas em situações que poderiam ter sido evitadas; mostrar para as pessoas que passam por aqui que estamos sempre falando de vida no trânsito”, destaca a encarregada do Setor de Educação e Cidadania da Transitar, Luciane de Moura.
Das 61 vítimas no trânsito, 23 estavam nas vias urbanas da nossa cidade, que conta com uma boa sinalização, mobilidade para todos os modais e 240 cruzamentos semaforizados e fiscalização periódica para se conter abusos. Ainda assim, os números são elevados. “Temos que pensar em vidas e não em números, numa data é para refletir que nós podemos respeitar o trânsito para que não ocorra nenhum outro acidente e não tenhamos outras mortes, pois conforme nos lembra o lema das campanhas nacionais deste ano, “No trânsito, a sua responsabilidade salva vidas”, reiterou Luciane.
“Cada cruz simboliza uma família sofrendo por acidente que poderia ser sido evitado”
Em todas as cruzes estão anexados a idade da pessoa que faleceu; sexo; data da tragédia; principal fator que provocou o sinistro; meio de transporte que a vítima utilizava e local O que chama atenção é o alto índice de falta de CNH de muitos condutores. Dos 23 óbitos no perímetro urbano, 15 estavam conduzindo motos e desses, sete eram condutores inabilitados, sendo dois menores (16 e 17 anos) e um que havia acabado de completar 18 anos e recebido a moto de presente de aniversário.
Conforme avaliação do major Amarildo Ribeiro, subcomandante do 4º Grupamento de Bombeiros e coordenador do Cotrans/PVT, “cada morte, tenho certeza, representa também uma família que está sofrendo em função de um acidente que poderia ser sido evitado. E a grande maioria em situações de alta velocidade, uso do celular, álcool ao volante e falta de habilitação, condutas e comportamentos que podemos evitar”, explica o major, acrescentando que “é um dia triste para nós, pois não temos nada para comemorar”.
Ribeiro reforça que “nosso trabalho é contínuo para sensibilizar o cidadão para mudança de comportamento, pois além das perdas de vidas, temos os traumas, as sequelas, as filas de espera por leitos e cirurgias e julgamento de pessoas que provocaram acidentes por estarem alcoolizadas, enfim, são grandes as consequências da imprudência”.
Problema de saúde pública
Problema de saúde pública, evitar traumas e acidentes é trabalho rotineiro dos órgãos de segurança e de trânsito, que não vai parar. Mas depende da conscientização e colaboração de todos que compõem o trânsito para que os resultados sejam alcançados, como reforça Ribeiro. “Nosso trabalho é incessante e vamos intensificar ainda mais para que seja ouvido e efetivo: o cidadão que está na via precisa fazer a parte dele; quem for a um hospital, a um pronto socorro, pode constatar a quantidade de pessoas sofrendo e aguardando uma cirurgia por fratura de perna, de braço ou um trauma de crânio, que é ainda grave, a maioria pela imprudência. Isso precisa ser freado”.
Esqueça o celular quando põe o pé na via
O pedido das autoridades é para que todos que estão na via, independente do meio de transporte que utiliza, que esqueçam o celular enquanto transitam. Ele tem sido um fator de distração muito grande, que pode resultar em grandes tragédias.
Fone de ouvido com música alta; viva-voz no carro; teclar ou gravar mensagens enquanto dirige; qualquer recurso por mais moderno que seja não impede que haja redução da atenção e coloque todos que estão transitando à mercê de uma fatalidade.
(Secom)