Policial

Corte portuguesa autoriza extradição de ex-agente da CIA à Itália

LISBOA, Portugal — Uma ex-agente da CIA será extraditada para a Itália onde cumprirá uma pena de prisão por seu envolvimento em um programa dos Estados Unidos de captura de suspeitos de outros países depois que o Tribunal Constitucional de Portugal rejeitou o seu último recurso. Sabrina de Sousa informou nesta quarta-feira que aguarda informações sobre a data em que será levada à Itália — ela foi condenada à revelia a uma pena de quatro anos de prisão.

Desde sua detenção em outubro, em Lisboa, sob um mandado de prisão europeu, Sabrina perdeu a batalha contra a extradição em um tribunal de primeira instância da capital portuguesa e, depois, no Tribunal Constitucional do país. A Corte infirmou em seu site na terça-feira à noite que o recurso da ex-agente foi rejeitado.

A ex-agente é um dos 26 americanos condenados à revelia pelo sequestro em 2003 do clérigo egípcio Osama Moustafa Hassan Nasr, também conhecido como Abu Amar, em Milão, em 17 de fevereiro de 2003. Ela nega participação no caso.

Seu advogado italiano expressou confiança no passado de que ela poderia obter clemência por parte do chefe de Estado italiano, que, neste caso, também envolveu os serviços secretos do país e que resultou em um episódio desconfortável para os sucessivos governos. O presidente Sergio Mattarella perdoou outros envolvidos no assunto.

Sabrina disse nesta quarta-feira que enviou uma carta ao Papa Francisco, pedindo-lhe para denunciar a prática dos EUA de entregar detidos a outros países para serem interrogados e torturados, após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001. O Pontífice já havia denunciado esta prática em um discurso em 2014.

A ex-agente, que tem cidadania americana e portuguesa e trabalhou na Itália na diplomacia, argumenta que nunca foi informada oficialmente sobre a decisão do tribunal italiano, e não foi autorizada a utilizar informações confidenciais dos Estados Unidos para se defender.

“Nunca me informaram e não me permitiram me defender devido à confidencialidade dos documentos”, escreveu em sua carta ao Pontífice. “A ausência de um julgamento justo e a imposição de vários níveis de censura oficial são obstáculos para resolver muitas questões sobre o sequestro de Abu Omar”.

O presidente Barack Obama eliminou a prática de sequestros pouco depois de assumir o cargo.