Opinião

A regra do jogo

Por Carla Hachmann

Mais duas concessionárias de pedágio admitiram ao Ministério Público Federal que compactuaram com um esquema de cobrança de propinas que as livrou de pesados investimentos, supermajorou as tarifas dos pedágios e ainda alimentou a corrupção dentro do governo paranaense durante quase 20 anos.

Conforme um dos procuradores que tiveram acesso aos termos do acordo, “os fatos revelados pela empresa e as provas trazidas por ela reforçam o fato de que o pagamento de propina e o direcionamento de atos administrativos eram a ‘regra do jogo’ no âmbito das concessões de pedágio no Paraná em um típico ambiente de corrupção sistêmica”. Lamentável! Absurdo! Desprezível!

Por duas décadas a sociedade e a imprensa paranaenses reclamaram, denunciaram, cobraram, criticaram os pedágios no Paraná, os aumentos constantes nas tarifas, a falta de obras essenciais, mas todos se faziam de surdos. Pagamos a conta do lucro ilegal das concessionárias, de propinas que engordaram os bolsos de servidores corruptos e que alimentou um sistema cujas dimensões ninguém conseguia imaginar.

Medir o custo desse crime vai além dos valores que serão devolvidos, seja em multas ou em redução das tarifas. São vidas perdidas em acidentes em trechos que deveriam estar duplicados, além dos feridos que sobreviveram, mas convivem com traumas e limitações, e ainda as tantas empresas que foram à falência por não suportarem os altos custos.