Política

Primeiro turno teve 2,4 mil urnas com defeito no País

Brasília – O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) atualizou, no fim da tarde, para 2,4 mil o número de urnas eletrônicas que apresentaram defeito e precisaram ser substituídas em todo o País. O número representa 0,46% do total de urnas utilizadas no pleito deste ano. Ao final, três municípios tiveram uma seção eleitoral cada em que foi preciso adotar a votação manual: Três Coroas (RS), Botucatu (SP) e Juquiá (SP).

Os estados que tiveram maior número de urnas com defeito foram Minas Gerais (487), Pernambuco (257), São Paulo (232), Rio de Janeiro (219), Santa Catarina (205), Rio Grande do Sul (139) e Sergipe (115).

A Justiça Eleitoral também registrou a prisão de cinco candidatos: dois no Rio de Janeiro, um em São Paulo; um no Rio Grande do Sul; outro na Paraíba. Ao todo, 149 pessoas foram presas por praticar irregularidades no primeiro turno, segundo o TSE.

A votação se encerrou às 17h, conforme horário local de cada região. São 147.302.357 brasileiros aptos a escolher o presidente da República, os governadores de 26 estados e do Distrito Federal, 54 senadores, 513 deputados federais, 1.035 deputados estaduais e 24 deputados distritais.

Problemas técnicos

Uma combinação de fatores tirou do Paraná o posto histórico de primeiro estado a concluir a apuração dos votos. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral, o primeiro problema foi a chuva, que marcou todo o domingo, principalmente nas regiões sul e leste. O clima teria atrapalhado o transporte das urnas, especialmente de comunidades mais afastadas. Os votos coletados em uma ilha de Guaraqueçaba foram os últimos a chegar. Com isso, a apuração foi encerrada por volta das 22h – quando seis estados (Amapá, Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia) e o Distrito Federal já tinham concluído os trabalhos.

A chuva concentrada pela manhã também teve outro efeito: muitos eleitores deixaram para votar à tarde. Com isso, aglomerações se formaram. Assim, quando o horário oficial de votação terminou, ainda havia gente esperando na fila. Por esse motivo, o TRE decidiu suspender a divulgação das primeiras parciais, logo depois das 17 horas, quando menos de 1% dos votos tinha sido contado. A divulgação dos números só voltou depois das 18h20, com a confirmação de que a votação estava encerrada.

Além dos fatores climáticos, problemas técnicos complicaram a eficiência da apuração. Pelo menos 60 urnas precisaram ser trocadas – número considerado baixo pelo TRE.

Para concluir a lista de complicações, o site da Justiça Eleitoral estava instável e demorava muito para consultar o local de votação.

14 pessoas detidas por crimes eleitorais no Estado

Cascavel – De acordo com a Polícia Militar do Paraná, 14 pessoas foram detidas por crime eleitoral nesse domingo (7). Quatro delas foram em Cascavel. A última do dia foi a do ex-vereador de Cascavel Jeovane José Machado, conhecido como Ganso Sem Limite. Ele foi detido pela Polícia Militar pelo crime eleitoral de boca de urna, pois fazia a entrega de santinhos plastificados e identificados com a assinatura dele (o que levanta suspeita de compra de votos) a eleitores que estavam na fila de votação do colégio do Jardim Guarujá. Além dos santinhos, com ele foram encontrados com cerca de R$ 950 em dinheiro.

Ganso foi levado ao Fórum Estadual para a assinatura do termo circunstanciado e liberado. O ex-vereador e a esposa dele foram condenados por compra de votos realizada durante a campanha dele para vereador em 2012.

No início da tarde de ontem, dois homens foram presos fazendo boca de urna em Cascavel. De acordo com a Polícia Militar, um homem entregava santinhos de um candidato a deputado estadual em um dos locais de votação no Bairro Cataratas. O outro caso é de uma mulher de 47 anos que foi detida com mais de 5 mil santinhos dentro de um colégio no Bairro Cascavel Velho.

Ainda durante a manhã de domingo uma mulher foi detida pela PM após ser flagrada usando o celular na cabine de votação no Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira, no Centro de Cascavel. Mesmo sendo alertada pelos mesários para não usar o telefone na cabine de votação, a mulher levou o aparelho e teria tirado uma selfie. A PM foi acionada e deteve a eleitora. Ela foi levada ao Fórum da Justiça Estadual e assinou um termo circunstanciado. A pena para quem tenta violar o sigilo do voto pode chegar até a dois anos de detenção.

De acordo com a Polícia Federal audiências dos quatro casos devem acontecer durante a semana. E quanto à suspeita de compra de votos do ex-vereador Ganso sem Limites será investigada pela PF.

Em Toledo, um homem de 50 anos foi detido distribuindo santinhos. De acordo com a Polícia Militar, o homem entregava santinhos de um candidato a deputado estadual no Colégio Estadual de Ouro Verde do Oeste.

Já em São Pedro do Iguaçu, no Distrito de Luz Marina, um vereador foi preso em flagrante pela Polícia Federal distribuindo santinhos e adesivos de candidatos a deputado estadual, federal e senador próximo a um colégio eleitoral, o que caracteriza crime eleitoral de boca de urna.

Os dois detidos foram encaminhados à 20ªSDP (Subdivisão Policial) de Toledo e posteriormente ao Fórum Eleitoral, onde assinaram termo circunstanciado e foram liberados.

Na região oeste ainda foram registradas ocorrências em Assis Chateaubriand, Jesuítas e Capanema. Apesar das ocorrências, o pleito foi considerado tranquilo na região de Cascavel.

Eleitora diz que não conseguiu confirmar voto

Cascavel – A eleitora Meire Cristiane Ferreira da Cunha buscou a Justiça Eleitoral no fim da tarde de ontem afirmando que durante a votação não conseguiu confirmar o voto. “Digitei os números para presidente e não consegui confirmar. Já apareceu direto ‘processando voto’. Tentei falar com os mesários, ficais e fui até a Polícia Federal querendo registrar um boletim de ocorrência, mas o que me disseram que não havia evidência para isso”, disse Meire.

Ela votou na Seção 505, Zona 143, na Faculdade Anhanguera, em Cascavel. Meire ainda afirma que soube de pelo menos 30 pessoas que passaram pelo mesmo problema, especialmente para o voto para presidente.

De acordo com a Polícia Federal, a situação será investigada após a liberação do caso pela Justiça Eleitoral. “Precisamos apurar a situação. Não se subestima o que o eleitor tem a dizer, mas também não podemos duvidar de todo o processo”, afirma o delegado da Polícia Federal de Cascavel, Marcos Smith.

Nas redes sociais, mensagens falsas questionam urnas

Brasília – O dia da votação foi tomado nas redes sociais por boatos sobre a confiabilidade da urna eletrônica, impulsionados principalmente por quadros do partido de Jair Bolsonaro, o PSL. No Twitter, um dos filhos do presidenciável, Eduardo Bolsonaro, reeleito deputado federal por São Paulo, estimulou eleitores a fazer fotos e vídeos do momento do voto como forma de fiscalização – ato proibido pela Justiça Eleitoral.

Outro herdeiro do capitão da reserva, o senador eleito pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro, publicou no Twitter uma informação que posteriormente foi desmentida pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) – de que haveriam urnas “viciadas” em prol de Fernando Haddad (PT).

A desinformação estava em um vídeo em que um homem aperta o número “1” em uma urna eletrônica e diz que, mesmo sem apertar o “3”, aparece a foto e o nome de Haddad. O TRE-MG esclareceu que a filmagem não mostra o teclado por completo e o vídeo passou por uma edição. “Não existe a possibilidade de a urna autocompletar o voto do eleitor, e isso pode ser comprovado pela auditoria de votação paralela”, comunicou a Justiça Eleitoral.

Após o desmentido sobre a gravação, Flávio Bolsonaro deletou o tuíte e agradeceu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo retorno. “Como cidadão exijo o esclarecimento de qualquer fato encaminhado pelos eleitores. Se houvesse o voto impresso nada disso estaria acontecendo”, escreveu.

A deputada federal eleita pelo PSL em São Paulo Joice Hasselmann também publicou o vídeo enganoso no Facebook. Em pouco mais de sete horas, 2,7 milhões de pessoas visualizaram o post, que teve 130,6 mil compartilhamentos. A ex-jornalista usou a rede social para divulgar, ao longo do dia, outras supostas denúncias de mau funcionamento em urnas. Na véspera do dia do voto, Joice divulgou ainda a informação – ainda sem evidência que a corrobore – de que um hacker estaria “pronto para atacar” as eleições no Brasil.