Política

OPINIÃO: O pior motorista do Oeste

Década de 1950. O motorista da Colonizadora Sinop, Vilder Bordin, transportava no jipe da empresa colonos em busca de férteis terras vermelhas para comprar. Era o único veículo a transitar pelas estradas da região. Choveu, imenso vendaval e uma árvore caiu sobre a pista. Consciente, Bordin a contornou lentamente.

Na volta, confiante, acelerou ao se aproximar da árvore para se exibir perante os ricos clientes e se jactar de ter bom braço no volante. Irritados, eles se queixaram a Enio Pipino e Vilder foi proibido de dirigir.

Mas houve uma emergência. Era preciso transportar uma caravana até a Comunidade São Francisco, pela estrada velha de Juranda. Agora também havia um caminhão Chevrolet circulando, mas Vilder não sabia. Achava que ainda era o rei da estrada. Então com seis passageiros, bateu no Chevrolet e inutilizou a viatura da Sinop. Fraturas nos homens, ferro-velho para o jipe.

A Sinop comprou um jipe novo, que precisava ser guiado até a sede. Como um raio não cai mais de duas vezes no mesmo lugar, Pipino autorizou Vilder a levar o carro. O raio caiu: Vilder conseguiu bater em uma carroça e o jipe novo chegou pela metade aos olhos pasmos do colonizador. Vilder nunca mais voltaria a pegar no volante!

Sem a condução firme de Vilder Bordin, o Projeto Livrai-Nos! não teria conseguido completar a pesquisa sobre a história de Ubiratã e sua região. Saudades desse bravo pioneiro, um catarinense de Joaçaba nascido em 8 de outubro de 1931 e que nos deixou em 2016, aos 82 anos.

Alceu A. Sperança é escritor – [email protected]