Política

EDITORIAL: Falta ouvir o eleitor

Nos últimos anos, as pesquisas eleitorais têm caído em descrédito, após resultados bem diferentes dos constatados nas urnas. Cada vez mais questionadas, de norte nas eleições, elas passaram a vilãs, e ganharam cada vez mais regras.

Contudo, a leitura das intenções de voto revela muitas particularidades das eleições muitas vezes ignoradas pelos candidatos, pelos analistas e por toda a população.

Uma delas diz respeito ao que o eleitor não quer. Enquanto os institutos e, principalmente, seus “encomendadores”, é quem lidera a disputa. Raramente se atêm a ouvir o que os consultados têm a dizer.

Prova disso é a recente pesquisa Ibope/CNI, divulgada ontem. Quatro de cada dez eleitores não manifestam voto aos candidatos apresentados até agora. Três de cada dez não votam nos dois nomes que lideram as pesquisas. Ora, como podem ganhar num cenário destes? Sem dúvida, um resultado desses, mal informado, pode provocar um resultado catastrófico nas urnas, induzindo os desinformados a votar “para não perder o voto”.

Com a premissa de reduzir os custos de campanha, o período para que os candidatos coloquem os carros na rua foi drasticamente encurtado. Para um povo cada vez mais desanimado com política, a medida na verdade é uma boa estratégia para que ele se envolva cada vez menos.

Diante disso, corremos o risco de repetir o que houve na última eleição. Reeleger uma candidata com um discurso totalmente diferente da realidade, que foi cassada menos de dois anos depois, assumindo no seu lugar um vice que ninguém sabia ter sido eleito, nem mesmo quem votou nele (chapa Dilma/Temer).

Sem dúvida, as pesquisas são instrumentos essenciais em toda eleição. Apenas precisam ser bem usadas.