Saúde

Covid-19: Suspensão de turmas e escolas integram o ‘novo normal’    

Nas redes estadual e municipal, as aulas presenciais foram completamente retomadas; atividades remotas apenas para casos específicos

Covid-19: Suspensão de turmas e escolas integram o ‘novo normal’    

Cascavel – Os prejuízos causados pela pandemia da Covid-19 são incalculáveis para muitas frentes, porém, uma das mais afetadas foi a educação. A suspensão das aulas presenciais em março de 2020 provocou, segundo especialistas, um atraso educacional que levará anos para ser recuperado. Contudo, mesmo a pandemia não dando trégua, houve pressão de uma parcela de pais e alunos, bem como de proprietários de estabelecimentos da rede privada para a retomada das atividades presenciais.

E a retomada começou justamente pelas escolas particulares e, aos poucos, as atividades presenciais também iniciaram nas redes municipais e estadual de ensino. A reabertura das escolas estava prevista para o início de março de 2021, um ano após a suspensão e vinha endossada pelo fim do toque de recolher e pela ampliação do horário de funcionamento de outras atividades na maioria das localidades, enquanto o número de contaminação ainda era alto.

Contudo, a chegada de uma nova onda forte de contágio fez com que os gestores adiassem esse início das atividades que na rede pública foram retomadas efetivamente em abril, em cidades como Cascavel e Toledo, e em maio, gradativamente, na rede estadual.

Para o retorno, os gestores garantiam protocolos mínimos de segurança como a utilização de álcool em gel, uso de máscara, distanciamento social e medição de temperatura. Nessa altura, a vacinação da população idosa e dos chamados grupos prioritários já havia se iniciado em todo o território nacional. Entretanto, os profissionais de educação não estavam inseridos nesses grupos, inicialmente. Foi depois de muita discussão e já com as atividades em andamento que os profissionais da educação começaram a receber imunização.

Com a imunização dos profissionais em andamento tudo parecia se encaminhar para o retorno das atividades em todas as instituições de ensino da rede pública, porém, em Cascavel, no mês de junho, novamente os casos de contaminação voltaram a aumentar e as atividades foram paralisadas na rede municipal, tendo retorno na semana seguinte.

De lá pra cá as atividades não foram completamente suspensas. Contudo, isso não se deu pelo fato da pandemia ter sido controlada, bem pelo contrário, a pandemia ainda não tem previsão para terminar. O que acontece agora é que, nas turmas onde são registrados casos de contaminação por Covid-19, há a suspensão das atividades presenciais por 10 dias, permanecendo o ensino de maneira remota.

 

Rede Municipal

Em Cascavel, na rede municipal de ensino que conta com 1.410 turmas, entre Cmei e Escolas de ensino fundamental, desde o retorno das atividades presenciais até ontem (24), a Secretaria de Educação Municipal registrou a suspensão das atividades presenciais de 32 turmas e duas escolas (Almirante Barroso e São Francisco de Assis), que tiveram as atividades suspensas por 10 dias, em função de casos relacionados à covid-19.

 

Rede Estadual

Já na rede estadual de ensino, o Núcleo Regional da Educação de Cascavel disse não ter o registro de todo o período, apenas registros semanais. Sendo assim, informou que registrou apenas nessa última semana a suspensão temporária das aulas presenciais de 64 turmas, permanecendo de maneira remota. O Núcleo de Cascavel abrange 18 municípios, com 112 estabelecimentos de Ensino e 1.750 turmas.

Segundo a Secretaria de Estado de Educação, a suspensão das aulas em uma determinada turma é analisada cautelosamente, em conjunto com a direção da instituição de ensino, observando se houve o uso correto de máscara, distanciamento social, higiene constante de mãos e verificando, caso a caso, a necessidade de suspensão.

 

Não adequadas

O TCE-PR (Tribunal de Contas do Paraná) realizou uma auditoria sobre o cumprimento dos protocolos de prevenção ao contágio nas instituições de ensino da rede estadual. De acordo com o relatório do TCE-PR, parte significativa das escolas da rede pública estadual do Paraná não está plenamente adequada para receber de volta seus alunos, professores e funcionários.

Por meio da fiscalização, realizada entre julho e agosto, os analistas do órgão apontaram inadequações em diversas escolas. O principal problema identificado foi a existência, em 14,3% delas, de janelas que não abrem de forma satisfatória para arejar as salas de aula e demais ambientes escolares, seja por estarem danificadas, serem do tipo basculante ou ainda muito pequenas.

A boa ventilação dos locais, via abertura de portas e janelas, é uma das principais medidas preconizadas pela Resolução nº 735/2021 da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). A fiscalização verificou ainda que faltam funcionários para realizar a higienização apropriada das escolas. Enquanto em 7,3% delas foi constatada a ausência de pessoal para limpar as salas de aula, em 13,5% não há profissionais para higienizar os banheiros. Já 6,3% delas não dispõem de produtos de limpeza em quantidade suficiente.

Outra constatação foi a de que, apesar de 99% das instituições de ensino disporem de caixa d’água, em 17,2% delas o equipamento não é suficiente para atender a demanda da escola em caso de interrupção no fornecimento hídrico. Tal percentual sobe para 32% dentre as escolas estaduais situadas em Curitiba e nos municípios limítrofes à capital paranaense, região onde há racionamento de água desde o ano passado.

Além disso, identificou-se que 34% das escolas não estão equipadas de maneira adequada para transmitir as aulas para os alunos que precisam continuar estudando de forma remota, principalmente pela falta de projetores, computadores, microfones e câmeras.

A auditoria foi realizada por visitas técnicas em instituições de ensino de várias cidades do Paraná, entre elas, Cascavel e Toledo.

Foto: Secom

 

Aula presencial segue sendo prioritária

 

Na última quinta-feira (23), a Sesa editou uma nova resolução, dispondo novas medidas de prevenção, monitoramento e controle da Covid-19 nas instituições de ensino. Com a nova resolução, a rede estadual irá atender os estudantes essencialmente de forma presencial, encerrando as aulas online (por Meet), que só serão mantidas para os casos elencados na Resolução: alunos com comorbidade, a critério médico ou que estejam em isolamento.

Outra exceção que está mantida para a modalidade remota são turmas em colégios onde existe o revezamento pela necessidade do distanciamento. Ou seja, optar pelo ensino remoto não será mais uma opção dos responsáveis pelas crianças e adolescentes.

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, as escolas da rede pública vão ter uma semana para se adaptarem à nova determinação e informarem aos pais e responsáveis que ainda estão com os filhos em casa. Atualmente, mais da metade da rede de pouco mais de um milhão de alunos já frequenta presencialmente as aulas.

As demais medidas essenciais do protocolo de biossegurança continuam válidas para toda a rede, como vem acontecendo desde o retorno presencial gradual, em maio: obrigatoriedade do uso de máscaras; adoção do distanciamento físico entre pessoas; não compartilhamento de objetos e utensílios pessoais; a limpeza e desinfecção do ambiente e superfícies, entre outros.