Curitiba – Com cerca de 75% das urnas apuradas a vitória de Ratinho Júnior (PSD) ao governo do Paraná já era anunciada. Ratinho foi ovacionado na chegada ao TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) em Curitiba pouco depois de confirmada sua vitória. Em sua primeira fala como governador eleito, Ratinho classificou como uma “ruptura” com a política tradicional o resultado das urnas e disse que o eleitor mandou um recado para os “profissionais da política”.
“Acredito que é um momento de ruptura política no Brasil. As urnas responderam de uma maneira que talvez poucas pessoas tivessem uma leitura do cenário que aconteceu no dia de hoje [ontem]. Foi um recado muito forte que o brasileiro deu para a política tradicional, para os profissionais da política, aqueles que fazem política há muito tempo. Uma mudança de conceito, na minha avaliação”, avaliou Ratinho Jr.
O governador eleito comemorou também a eleição de Oriovisto Guimarães (Podemos) e de Flávio Arns (Rede) para o Senado (leia mais na página 6). “A eleição do senador Oriovisto, do senador Flávio Arns foi muito importante também para o nosso Estado porque são duas pessoas íntegras, sérias, que acima de tudo são apaixonadas pelo Paraná. E isso vai nos ajudar muito a fortalecer o nosso relacionamento em Brasília, já que há muito tempo os senadores não se entendiam. Não colaboravam com o Estado, e vice-versa, não havia uma união. E o meu compromisso é unir as forças políticas do Paraná”, disse Ratinho Jr.
“O Paraná será protagonista no cenário federal para que a gente possa trazer recursos, já que a gente foi muito penalizado nesses últimos 20, 30 anos por essa falta de união política”, afirmou ele. “Começa a partir de hoje um novo momento do Estado, de união. Uma política moderna, sem raiva, sem perseguição”, prometeu o eleito.
Transição
“Eu quero agora, passando um pouco esse momento, talvez esta semana ou não outra, procurar a governadora. Entender da parte dela como ela quer fazer a transição. E obviamente buscar fazer da melhor maneira possível. Quero começar a trabalhar agora pensando a equipe”, explicou.
A governadora Cida Borghetti informou que a transição de governo começa no dia 3 de dezembro. Ela parabenizou o governador eleito Ratinho Júnior e desejou sucesso na jornada: “Será uma transição tranquila e respeitosa. Coloquei o governo e a equipe à disposição do governador eleito. Entregarei um estado em dia, com dinheiro em caixa e mais de R$ 2 bilhões no orçamento para a saúde, a educação e a segurança”, afirmou.
Quem é Ratinho Jr
Carlos Roberto Massa Junior nasceu em 19 de abril de 1981 em Jandaia do Sul (PR). Eleito deputado estadual pela primeira vez em 2002, aos 21 anos, Ratinho já dizia na época que um dia seria governador do Paraná. Foi deputado federal por três mandatos seguidos. Em 2012, no passo mais ousado da carreira até então, tentou se eleger prefeito de Curitiba, e perdeu para Gustavo Fruet (PDT), que fez mais de 60% dos votos válidos.
A estratégia foi refeita e Ratinho conseguiu em 2013 espaço como secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano na gestão Beto Richa (PSDB). Chefiando a principal pasta na distribuição de máquinas e recursos aos 399 municípios do Estado, ele iniciou uma paulatina aproximação com prefeitos, vereadores e líderes de todo o Paraná. No ano seguinte, elegeu-se deputado estadual com a maior votação da história, com 300 mil votos, mas logo retornar à pasta do Desenvolvimento Urbano.
Para disputar o cargo de governador, em setembro de 2017 deixou o cargo de secretário e reassumiu o mandato na Assembleia Legislativa e passou a construir a candidatura ao governo. Até as convenções partidárias, em julho deste ano, arregimentou partidos médios e pequenos, num total de nove. Trabalhou nos bastidores e, com a ajuda do senador Alvaro Dias (Podemos), tirou do páreo o principal adversário, o ex-senador Osmar Dias (PDT), que desistiu da disputa diante da traição do irmão.
Cida diz que campanha foi humanizada
Em coletiva no início da noite de ontem, a governadora Cida Borghetti (PP) agradeceu a toda a equipe de campanha. “É um momento difícil pelo que o País passa e tivemos reconhecimento. Houve muita abstenção, e os que foram exerceram sua cidadania.”
Ela disse que havia a expectativa de estar no segundo turno e que isso vinha se desenhando ao longo da campanha. “Saí de 3% e cheguei a quase 16%. Foi um momento difícil, quando se abriram as pesquisas, e 70% da população não me conhecia. E fomos crescendo, conversando com as pessoas, e ainda muitas pessoas não nos conhece o suficiente pela lembrança do nome e do trabalho. Quero agradecer a confiança, os votos, e dizer que foi uma campanha maravilhosa. Gosto do que faço, eu me dediquei muito à valorização das pessoas, das crianças, das mulheres, dos idosos… fiz uma campanha humanizada, uma campanha propositiva, mas muito pé no chão.”
