Política

Afirmações “estranhas”

Com informações consideradas confusas por parte da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores de Cascavel, o vereador Damasceno Júnior prestou depoimento ontem a respeito da investigação de possível quebra de decoro. A investigação surgiu a partir de um áudio divulgado em que supostamente Damasceno oferece um cargo no Executivo a Odair José Lopes da Silva em troca de favores pessoais.

Algumas afirmações desencontradas causaram estranheza para o relator do processo, vereador Pedro Sampaio. Damasceno foi questionado sobre o por quê de ter perguntado, no áudio, se Odair andava armado. O vereador Josué de Souza, membro da Comissão, pediu se Damasceno estava sofrendo ameaça. “Tive duas vezes meu carro roubado. Nessa noite mexeram no meu carro, chamei a polícia e até agora a polícia não passou lá. Só questionei se ele andava armado porque não queria ninguém armado do meu lado”.

Damasceno também disse que tinha ouvido boatos de que o amigo usava armas de fogo, e por isso do questionamento. O que gerou mais dúvida nos vereadores foi que o legislador investigado já havia afirmado que iria contratar o “Daia” como segurança, por conta das constantes ameaças que recebia. Em depoimento, Odair disse que não tem porte de arma de fogo e não anda armado. “Essa questão de andar armado, não andar, ficou muito confuso, ficamos em dúvida por que a afirmação do vereador parece contundente no áudio”, afirma Pedro Sampaio.

Depoimento

Visivelmente nervoso, Odair também deixou alguns pontos de interrogação da sua fala. Disse que estudou com o irmão de Damasceno quando pequeno. Afirmou estar constrangido e exposto a partir do áudio divulgado e que não considerou a oferta do vereador como uma troca de favores. “Pedi emprego a ele como pedi a outros vereadores”. Logo depois, quando questionado se trabalhava na época em que o áudio foi divulgado, ele afirmou que sim, no período da noite.

E ainda fez uma acusação. “Ligaram para mim aqui da Câmara, não sei quem foi. Mas disseram que não era para eu vir para a oitiva. Eu já estava aqui”.

Sem pronunciamento

Damasceno saiu como o “mestre dos magos”, sem que ninguém percebesse. E apesar de dizer, em oitiva, que seu gabinete estava aberto, não quis gravar com a imprensa. “Demonstramos a inocência do vereador. Não se tratou de uma troca de favores. Estamos em livre comércio. Não tem problema nenhum o vereador contratar um segurança se ele pagar pelos serviços”, relata o advogado do legislador, Lauri Silva.