Cotidiano

Veja as principais obras do poeta Ferreira Gullar

20150902-184312.jpgRIO – Poeta, artista plástico, dramaturgo, compositor, ensaísta, crítico, memorialista. Os predicados de Ferreira Gullar, que morreu na manhã deste domingo, são múltiplos. O artista construiu uma carreira sólida desde os anos 1940, em São Luís, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Moscou, Santiago. Abaixo, uma lista das obras fundamentais de Gullar ao longo de seis décadas.

– “A luta corporal”, de 1954

Links Ferreira GullarPrimeiro livro do poeta, que já tinha publicado textos em jornais do Rio de Janeiro e de São Luís, a obra traz experimentações gráficas que abriram caminho para os concretistas de São Paulo na segunda metade da década de 1950, os irmãos Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari à frente.

– “Manifesto neoconcreto” e “Teoria do não-objeto”, de 1959

Os dois textos se tornaram marcos conceituais do neoconcretismo, movimento surgido no Rio de Janeiro que se afastava dos concretistas de São Paulo ao ampliar o espaço da subjetividade na obra de arte. Gullar já tinha rompido com os paulistas dois anos antes, por discordar do artigo “Da psicologia da composição à matemática da composição”.

?João Boa-Morte,
cabra marcado para morrer?, de 1962

Em determinado período da carreira, Ferreira
Gullar acreditava que era mais importante que sua
poesia se comunicasse com um maior número de pessoas ? mesmo que, com isso,
fosse obrigado a sacrificar a sua qualidade formal. Seus poemas em forma de
cordel, como os que estão presentes nesse livro, partem dessa preocupação em
levar a luta política a um grande público.

– “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, de 1966

A peça em três atos, escrita em parceria com Oduvaldo Vianna Filho, estreou em abril de 1966 no Rio de Janeiro no Teatro Opinião. No elenco, o próprio Vianna Filho, Sérgio Mamberti, Agildo Ribeiro, Antônio Pitanga, Francisco Milani, entre outros. A peça recebeu os prêmios Molière, Saci e Governador do Estado de São Paulo, como melhor peça e melhores autores do ano.

– “Dentro da noite veloz”, de 1975

No exílio desde 1971, após passar longo período na clandestinidade, o poema traz um Gullar preocupado com a necessidade de mudanças radicais no país. É resultado de sua busca de uma poesia que trata das questões políticas e sociais brasileiras, mas mantém sua qualidade literária, sem fazer concessão ao panfletário.

– “Poema sujo”, de 1976

A obra mais conhecida do escritor chegou ao Brasil contrabandeada por Vinícius de Moraes no ano anterior. Exilado em Buenos Aires, Gullar gravou em uma fita cassete sua leitura do poema, que acabou lançado no Brasil sem a sua presença.

– “Na vertigem do dia”, de 1980

Os poemas reunidos no livro mostram um poeta maduro em suas realizações literárias, estéticas e intelectuais e fazem um mergulho profundo nas entranhas da condição humana.

– “Argumentação contra a morte da arte”, de 1993

Nesta série de ensaios, Gullar exercita o seu lado de crítico de arte para atacar as vanguardas e abordar questões delicadas da arte contemporânea, na sua opinião ameaçada pela falsidade e pela tolice dos jogos de marketing.

– “Muitas vozes”, de 1999

Nos 54 poemas do livro, o escritor trata da morte, da vida, da poesia, das paisagens, dos medos e das reflexões provenientes da experiência no mundo moderno. Entre os destaques da obra, que ganhou os prêmios Jabuti e Alphonso de Guimarães, da Biblioteca Nacional, estão “Nasce o poeta”, em que retrata o fazer poético, e “Visita”, em que Gullar fala da morte do filho.

– “Em alguma parte alguma”, de 2010

Lançado mais de dez anos após seu último livro de poemas, “Em alguma parte alguma” traz de volta temas abordados em “Muitas vozes”, como a reflexão poética sobre a existência.

– “Autobiografia poética e outros textos”, de 2015

Além de um ensaio autobiográfico inédito, a obra traz entrevistas, artigos, depoimentos e um caderno de fotos que compõem um amplo painel da vida e da obra do poeta maranhense.