MADRI – O chefe da divisão de América do Sul do serviço exterior europeu, Adrianus Koetsenruijter, disse nesta quinta-feira que vê a situação político-econômica da Venezuela como possível obstáculo às negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE). E citou a antipatia pelo livre comércio por parte do governo boliviano como fator de preocupação para o avanço das conversas.
A Venezuela está em processo de conclusão para sua inserção no Mercosul como membro pleno, mas não participa neste momento das negociações entre o bloco sul-americano e a UE. O país deveria assumir a presidência do Mercosul nos próximos dias, mas enfrenta oposição de outros membros do bloco, incluindo Brasil e Argentina. A Bolívia é membro associado do Mercosul e também não participa das negociações com a UE.
A situação na Venezuela está difícil Vemos como possível obstáculo nessa negociação. E há países associados, como a Bolívia, que está quase dentro (do bloco) e que semana passa estava fazendo declarações de antipatia pelo livre comércio. Esses são elementos sempre preocupantes disse Koetsenruijter, que participa do XV Encontro Santander América Latina, em Madri.
Koetsenruijter afirmou que, em princípio, quanto mais países associados ao Mercosul melhor e lembrou que as quatro nações que originaram o bloco (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) têm uma economia, hoje, do tamanho equivalente ao da Alemanha.
Em princípio, mais países é melhor. Mas há ideias distintas de modelos econômicos na América Latina. O modelo que Morales (Evo Morales, presidente da Bolívia) e Maduro (Nicolas Maduro, presidente da Venezuela) escolheram está perdendo terreno. (…) Com Brasil e Argentina (cujos governos atuais têm adotados medidas de austeridade) estamos otimistas.
Koetsenruijter também demonstrou receio com o efeito Brexit. Para ele, a possível saída do Reino Unido da UE poderá levar a uma onda de referendos em outros países da UE, atrapalhando as negociações do acordo Mercosul-UE.
Isso (Brexit) pode ter impacto sobre diferentes setores. Há risco de que, por menor que seja o interesse de um setor,esse interesse possa acabar minando posições (dos governos dos respectivos países desses setores da economia) no acordo. Se cada país decidir fazer um referendo para discutir o acordo…
Segundo números apresentados pelo representante da UE, o comércio com a UE responde por 19% do comércio do Mercosul com o mundo. Já o Mercosul responde por 2,5% do comércio da UE.
(* A repórter viajou a convite do Santander)