Cotidiano

Teori diz que vazamento de parte da delação da Odebrecht é lamentável

BRASÍLIA – O ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira que é lamentável o vazamento de uma parte da delação da Odebrecht, mas indicou que isso não vai levar à anulação do acordo. O ministro usará o recesso de janeiro para analisar a delação de 77 executivos e ex-executivos da empreiteira. Os documentos foram entregues ao STF Procuradoria-Geral da República na manhã desta segunda-feira. Seu gabinete vai funcionar no período, mas ele não quis arriscar quando será possível dar uma decisão homologando ou não os acordos. Apenas disse que será difícil terminar tudo ainda em janeiro.

? Lamentável, né? Lamentável ? disse Teori sobre o vazamento em entrevista após a sessão.

Ao ser questionado se isso pode levar a uma eventual anulação, respondeu:

? Pelo que eu vi não foi propriamente um depoimento que foi vazado. Pelo que eu vi. Mas de qualquer modo é lamentável que estas coisas aconteçam. É lamentável.

O STF teve nesta segunda-feira a última sessão do ano, e volta a funcionar plenamente apenas em fevereiro de 2017. No caso da delação da Odebrecht, são cerca de 800 depoimentos.

? Acho difícil que se consiga fazer isso (a análise do acordo durante o recesso), se é o volume de material que se diz. Porque também conheço por notícia ? afirmou Teori.

Questionado se pretende ampliar a equipe para analisar a Lava-Jato, ele voltou a dizer que tem cerca de 100 inquéritos em seu gabinete e que nada está atrasado. A demora em muitos casos, segundo ele, se deve ao Ministério Público, responsável pela investigação. De qualquer forma, disse que o STF tem fornecido o material humano de que precisa e, caso necessário, poderá utilizar mais gente. Indagado se haverá uma equipe voltada só para a Lava-Jato, ele disse:

? Agora em janeiro, obviamente vou me dedicar a isso. Mas meu gabinete funciona. Ele não é monotemático, graças a Deus. O meu gabinete não para com as outras coisas. Vocês devem ver aqui no plenário. A minha atividade é igual a dos outros ministros ? afirmou Teori, acrescentando que também pode realocar o pessoal do seu próprio gabinete para as tarefas que demandam mais trabalho em determinado momento.

Questionado se pretende ouvir os delatores, disse apenas que vai seguir a lei. Em relação às homologações ? se serão feitas uma de cada vez ou em conjunto ?, respondeu que não gostaria de fazer um “exercício de futurologia”.

Ele negou que o presidente Michel Temer tenha feito a ele o mesmo pedido que encaminhou ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ou seja, de dar celeridade à questão.

? Vou dar o ritmo normal. Mas, como eu disse, da parte que me toca, não vai ter atraso ? disse Teori.

Teori desejou um feliz Natal à imprensa e, ao ser indagado sobre seu estado emocional, disse:

? Meu estado emocional é que hoje é o último dia antes das festas de fim de ano. Foi um ano difícil, foi um ano muito difícil para o Brasil. Vamos esperar que as coisas melhorem.