Cotidiano

Suinocultura dá sinais de recuperação pós-crise

Toledo – Como ocorre tradicionalmente nesta época do ano, a suinocultura paranaense aposta todas as fichas em crescimento estimado de 30% nas vendas, atribuído às festas de fim de ano. A expectativa é do presidente da APS (Associação Paranaense de Suinocultores), Jacir Dariva. “Essa maior demanda por suínos e derivados já começa a trazer bons reflexos para a atividade”, destacou. “O crescimento estimado em 30% auxiliará na reposição dos prejuízos financeiros que o produtor teve com as crises que atingiram a atividade e pela fragilidade da economia”.

Conforme Dariva, depois da grave situação enfrentada pela suinocultura em 2016, o setor apresentou sinais de recuperação neste ano, com melhores condições ao produtor diante de um preço razoável no mercado independente e de rentabilidade mais adequada ao integrado, que sentiu menos em razão da parceria estabelecida com as integradoras. “Ao menos o setor conseguiu se manter e busca ainda um equilíbrio financeiro e uma estabilidade no mercado, que segue atento ao que aconteceu em março, com uma situação interna em algumas plantas frigoríficas que atingiu fortemente a indústria da carne e afetou, ao menos por um tempo, as exportações brasileiras”, destacou Dariva, em alusão à Operação Carne Fraca, que resultou no fechamento de alguns frigoríficos.

No Paraná, a suinocultura conta com o envolvimento direto de 135 mil produtores, responsáveis pela geração de 200 mil empregos diretos e outros 100 mil indiretos.

A Associação Paranaense de Suinocultores diz que o estrago da Operação Carne Fraca desencadeada pela Polícia Federal só não foi maior devido à rápida intervenção do Ministério da Agricultura, que buscou esclarecer os fatos ao mercado mundial e proteger a produção da carne brasileira. “A nossa carne é produzida nos melhores padrões sanitários e as exportações vêm crescendo pela demanda mundial de uma proteína animal que tem um papel importante na segurança alimentar”, salientou.

Segundo ele, “as ações do sistema suinícola nacional também têm sido decisivas para mostrar a saudabilidade [qualidade do que é saudável] da carne suína e o crescimento do consumo no varejo interno. Estamos conseguindo quebrar paradigmas e avançar no mercado consumidor”.

Otimismo

Para 2018, as perspectivas são as melhores, segundo Dariva. Principalmente devido às articulações para o Estado atingir o status de área livre de febre aftosa sem vacinação. “Em 2018 deverão ocorrer as últimas campanhas de vacinação do rebanho do Paraná contra aftosa e o reconhecimento da OIE [Organização Internacional de Epizootias] deve ocorrer em breve, trazendo benefícios às exportações e ampliação do mercado exterior à carne suína produzida no Estado”.

Líderes do setor estimam que a declaração ocorra em 2021.

Abertura de mercados

Em relação à abertura de novos mercados, a Associação Paranaense de Suinocultores acredita que isso ocorrerá de maneira mais intensa com a conquista do novo status em relação à carne paranaense.

O rebanho paranaense de suínos é estimado em mais de 7 milhões de cabeças, representando 17,7% do total nacional, que é de 40 milhões de cabeças. Hoje o Paraná conta com o maior rebanho de suínos do País, superando os estados de Santa Catarina, que tem 16,8% do total nacional, e o Rio Grande do Sul, com 14,7%.

No ano passado o Brasil abateu 42,3 milhões de cabeças de suínos, sendo o Paraná responsável por 21% desse total, ou seja, 8,8 milhões de cabeças.

O Estado conta com 55 estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Estado do Paraná e mais 22 no SIF (Serviço de Inspeção Federal). O consumo per capita estimado no Paraná é de 15 quilos/ano. O incremento de consumo para este ano deverá ser superior a 2%. A suinocultura representa 5,3% do Valor Bruto da Produção paranaense, correspondendo a R$ 4,7 bilhões.