BUENOS AIRES ? Horas após dez propriedades de Cristina Kirchner serem alvos de busca na província de Santa Cruz nesta quinta-feira ? no marco das investigações contra a ex-presidente da Argentina e seu filho por suposto enriquecimento ilícito e falsificação de documentos públicos ? seu sócio preso por acusações de lavagem de dinheiro, Lázaro Báez, foi indiciado. A Câmara ordenou ainda a investigação das concessões estatais de obras públicas feitas nos governos kirchneristas ao empresário, que somam cerca de US$ 650 milhões. Argentina
Com operações policiais realizadas em Gallegos, El Calafate e El Chaltén, o juiz argentino Claudio Bonadio investiga a Los Sauces, uma empresa do ramo imobiliário de propriedade da família Kirchner.
No mesmo dia, a Câmara Federal de Justiça confirmou o indiciamento de Báez e ordenou ao juiz Sebastián Casanello que lidere uma investigação aos funcionários que deram US$ 650 milhões em licitações de obras públicas a Báez ? entre eles Cristina. Apesar de não nomear diretamente a ex-presidente, a decisão pede que sejam investigados todos os funcionários responsáveis pelos contratos envolvendo Báez. Os principais responsáveis eram o ex-ministro do Planejamento, Julio De Vido, e a própria Cristina.
‘RELAÇÕES ESCUSAS’
Os principais inquilinos dos locais investigados são o empresário Lázaro Báez ? amigo e sócio da família Kirchner, preso e investigado por suposta lavagem de dinheiro ?, e Cristóbal López, outro empresário que multiplicou sua fortuna durante os governos Kirchner.
Los Sauces foi uma das primeiras sociedades constituídas por Néstor Kirchner, Cristina e o filho do casal, o deputado Máximo Kirchner. Fundada em 2006, a empresa tem capital social de US$ 100 mil.
De acordo com a denúncia da deputada e ex-candidata presidencial Margarita Stolbizer, uma das congressistas mais ativas no combate à corrupção, a empresa não se encontra no endereço especificado, tratando-se de “um domicílio fictício”.
As famílias Báez e Kirchner aparecem relacionadas através de contratos imobiliários que, de acordo com Margarita, “provam claramente as operações de lavagem de dinheiro, que vinha de obras públicas, ou seja, do Estado”.
Na denúncia, a deputada afirma que nos últimos anos o faturamento do Los Sauces incluiu, unicamente, pagamentos das companhias de Báez e López.
Atualmente, a ex-chefe de Estado está sendo investigada em mais de cinco processos em mãos dos tribunais de Buenos Aires, por denúncias de lavagem de dinheiro, não cumprimento dos deveres de funcionário público e participação numa associação ilícita que provocou prejuízo de cerca de R$ 7 bilhões ao Banco Central do país, entre outros delitos.