BRASÍLIA – O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu nesta quarta-feira a realização da reforma da Previdência para evitar que o sistema ?estoure? entre 2025 e 2030. Segundo ele, se nada for feito, o Brasil vai repetir a experiência da Grécia e simplesmente não haverá dinheiro para ser sacado no banco.
? Nós temos que convencer o cidadão que a reforma que está sendo feita não é para tirar direito dele. Muito pelo contrário. É para garantir o direito dele. Porque, se for da forma como está, o sistema estoura entre 2025 e 2030. O sujeito vai chegar com o cartãozinho dele sacar no caixa e não tem dinheiro. É o que está acontecendo agora na Grécia. É simples. A gente quer ajudar as pessoas a se protegerem ? disse Padilha, em almoço com integrantes da Associação Nacional de Jornais (ANJ), acrescentando:
? Essas propostas têm de ser defendidas por todos. Elas não interessam ao governo só. Interessam ao cidadão, que tem filho, tem neto.
O ministro também defendeu a reforma trabalhista e negou que o governo a tenha abandonado. Segundo ele, alguns pontos, como a validade dos acordos sobre a legislação e a terceirização, estão sendo discutidas no Judiciário. Já a regulação do trabalho intermitente é tratada em projeto de lei em tramitação no Congresso.
? O governo não deixou de pensar em reforma trabalhista. Coisa nenhuma. Pelo contrário. O governo quis, quer e a reforma trabalhista está acontecendo sem o governo precisar participar. TST (Tribunal Superior do Trabalho) e Supremo Tribunal Federal decidiram o quê? Vale o acordado sobre o legislado. O Supremo inclusive, decisão do ministro Teori Zavascki, mesmo quando o sindicato se negar a participar, pode o trabalhador individualmente fazer o acordo ? afirmou o ministro.
Padilha também afirmou que o Brasil tem jeito. Destacou a evolução do risco Brasil, que mede o grau de risco para investir no país. Os números vêm caindo, mas, para que isso continue, disse o ministro, é preciso fazer as reformas fiscal e previdenciária. Segundo ele, a boa notícia é que os líderes da base governista na Câmara, em reunião com Temer na terça-feira, se comprometeram com as reformas.
? Nós chegamos ao grau de investimento com 240 pontos. Fica mais ou menos por aí. Quando em fevereiro iniciou o processo de afastamento da ex-presidente (Dilma Rousseff), nós estávamos em 569 pontos. No dia 12 de setembro agora, nós estávamos com 313. Então, de 569 para 313, caiu 256 pontos em 120 dias, quatro meses. Nos falta, para chegar aos 240 pontos, que era o grau de investimento, 73 pontos. Nesta queda já estão precificados a reforma fiscal e a reforma da previdência. Se uma das duas der problema, inverte essa curva aí. Não pode ter problema ? afirmou Padilha.
O ministro destacou que não é possível achar que as soluções dependerão de dinheiro público. Bondade feita com recursos públicos, diz ele, é maldade com o dinheiro do cidadão.
? Vemos nas Câmaras de Vereadores, na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas, todo mundo disposto a fazer bondades: quem vai pagar é o governo. Cada bondade feita no Poder Legislativo é uma maldade feita para aquele que o nomeou representante. Por quê? Porque a conta sai sempre do bolso do cidadão, não existe dinheiro público. Portanto, nós estamos sim diante de um país altamente viável, mas em uma situação momentânea difícil, estrutural e conjunturalmente difícil, mas é possível sim dar a gente dar volta. Tem que ter coragem ? disse Padilha.