HANGZHOU – O ministro das Relações Exteriores, José Serra, criticou o andamento das negociações para um acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia (UE) e atribuiu aos europeus a falta de celeridade. O tema estava na pauta dos encontros bilaterais do presidente Michel Temer com o presidente de governo espanhol, Mariano Rajoy, e o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, na China.
? (O Mercosul) não está paralisado. As questões são outras, por exemplo, as negociações com a UE. Elas não precisam da presidência do Mercosul. Se elas não estão andando, o problema está mais do lado da UE, que está indo muito devagar no processo, inclusive fazendo ofertas inferiores às que tinha feito em 2004 ? disse Serra, que acompanha o presidente na reunião de cúpula do G-20, que acontece nos dias 4 e 5 na cidade de Hangzhou.
O Brasil pediu aos espanhois e aos italianos comprometimento e apoio para a busca do acordo com a UE. A Itália vem mantendo postura muito favorável ao entendimento desde o início do processo. Brasil deve mencionar também com Itália que conta com apoio do país nesse processo negociador.
Serra afirmou que o Brasil deve anunciar um programa para criar um instrumento novo de estímulo às exportações de pequenas e médias empresas, com o apoio do Sebrae. A ideia é que um operador único se encarregue da burocracia com todo o equipamento administrativo necessário exigido hoje dos exportadores.
? É uma proposta para organizar um operador comercial para micro e pequenas empresas, não só em escala do brasil, mas do próprio Mercosul. Estamos fazendo junto com o Sebrae um programa que o micro empresário poderá exportar através de um operador organizado.
Segundo ele, o volume de comércio das micro e pequenas empresas, que equivalem a 75% das empresas exportadoras, é de apenas 5% do total. O tema foi debatido em encontro com o diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Roberto Azevedo. com o presidente Temer.
A pauta também incluiu uma onda de protecionismo pelo mundio. Serra afirmou que inúmeras barreiras têm prejudicado as exportações brasileiras que precisam ser tratadas na OMC.
? Todas que existem em relação a cana de açúcar, um produto altamente discriminado. Carne, a dupla carne e açúcar são as que sofrem mais barreiras de natureza fitossanitárias absolutamente oportunistas, inventadas com o pretexto, mas demora anos para poder limpar, interpretar, processar na OMC. Temos que fazer uma mudança gradual, que vá fixando regras comuns que os países não possam transgredir, uma vez que feitos sobre critérios absolutamente científicos.