BRASÍLIA – O senador paraibano Cássio Cunha Lima faz parte do PSDB, partido aliado do presidente Michel Temer. Mas, em entrevista nesta terça-feira à rádio RPN, de João Pessoa, lançou dúvidas sobre a capacidade de Temer concluir seu mandato, que vai até 1º de janeiro de 2019. Ele afirmou ainda que sempre foi favorável a eleições diretas para presidente e que a defesa de Temer no processo que pode levar à sua cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não combina com a tradição da Justiça Eleitoral. Caso Temer caia e o Congresso tenha que eleger alguém para substituí-lo, Cássio lançou o nome da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia.
Questionado se Temer termina o mandato, Cássio, que é próximo do presidenciável tucano Aécio Neves, respondeu:
– Olha, vai enfrentar uma dificuldade grande.
Em seguida, emendou:
– Eu acho que é importante registrar que eu sempre fui adepto da tese de novas eleições. Eu sempre achei que a nova eleição seria o melhor remédio para distender o país e encontrar legitimidade no que diz respeito à composição de um novo governo. Para que houvesse novas eleições, teria sido necessário que o TSE julgasse as ações que lá tramitam. Infelizmente o TSE não concluiu o julgamento a tempo, o impeachment andou mais rápido e havia também razões objetivas para realização do impeachment, uma vez que presidente Dilma (Rousseff) inegavelmente cometeu os crimes que lhe eram imputados. E veio o impeachmet com o afastamento da presidente da República. Uma nova eleição seria a melhor saída, não tenho a menor dúvida.
Caso Temer deixe o cargo em 2017 ou 2018, deve ser realizada uma eleição indireta no Congresso Nacional para a escolha de seu substituto. Indagado se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, seria um bom nome, Cássio disse acreditar que a contribuição que ele poderia dar já foi dada. Depois apontou o nome de Cármen Lúcia como potencial sucessora de Temer.
– É uma mulher cuja honestidade e probidade ninguém discute, que tem experiência, tem capacidade e que poderia cumprir um período de transição. Eu acho que, quando você olha dentro dos nomes da política partidária, da chamada política tradicional, talvez você tenha alguma dificuldade (em pensar em um nome). É preciso pensar um pouco mais largo e o Brasil já deu demonstração de disposição de dar oportunidade para as pessoas que também não estão na militância política mais tradicional – disse Cássio.
O senador se referiu a João Doria e Alexandre Kalil, eleitos respectivamente prefeitos de São Paulo e Belo Horizonte. Os dois se apresentaram como antipolíticos na campanha. Mas Cássio fez um alerta para 2018. Há o risco de o país eleger um aventureiro que, em vez de melhorar, aprofunde ainda mais os problemas.