BRASÍLIA – O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse que o Brasil precisaria de R$ 350 bilhões para controlar o crescimento da dívida pública e recuperar a credibilidade fiscal do país. Num discurso acalorado na comissão especial que analisa a emenda constitucional que freia o crescimento dos gastos públicos, o ministro alertou que o Brasil que – na condição atual – o país não tem condições de sair do vermelho. E até estaria perto do ponto que chegaram os países que entraram em colapso no passado. Ou seja, quis dizer que o país pode quebrar se a PEC que fixa teto para gastos públicos não for aprovada.
? A dívida, sem essa PEC, chegará no nível dos países que colapsaram ? frisou o ministro que citou como exemplo países como Grécia, Irlanda, Portugal e Itália.
? Estamos perto desse ponto. Não estamos muito longe do momento em que nós perceberemos que a trajetória dessa dívida é insustentável.
Com uma defesa enfática – que chegou a ofuscar a fala do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles – Dyogo Oliveira argumentou que é importante fazer um ajuste gradual porque o país não aguentaria um corte abrupto de despesa. Ele salientou que seria necessário parar com todos os investimentos e reconheceu que isso não seria possível.
No entanto, disse que é preciso um ajuste porque, na situação atual, o Brasil não tem condição de voltar a fazer superávits primários (economia que o governo faz para pagar juros da dívida pública).
? Nossas projeções são muito claras: elas (as despesas) vão continuar a crescer indefinidamente se nada for feito. A situação fiscal do país é grave, é gravíssima. Se nada for feito, o Brasil não vai voltar a ter superávits.
Segundo ele, o Brasil tem de economizar 5% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país por um ano) para começar a forçar uma redução da dívida pública. Isso representa cerca de R$ 350 bilhões, número que destoa da situação do país, que deve ter um déficit de R$ 170,5 bilhões neste ano e um outro rombo de R$ 139 bilhões em 2016.
? Ou tomamos uma providencia ou vamos deixar claro para todos que nao há estabilidade fiscal no país ? concluiu o ministro que enfatizou que a relação entre a dívida pública ultrapassará 70% do PIB neste ano.