Cotidiano

Relatora dos supersalários diz que não é função dos senadores investigar

katia-abreu.jpgBRASÍLIA – Com um discurso bem diferente do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que ao anunciar a criação de uma comissão para investigar a existência de super salários nos três poderes, com prazo de 20 dias para apresentar o levantamento de quem ultrapassa o teto no Legislativo, Judiciário e Executivo, a relatora da Comissão, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), discursou nesta terça-feira e disse que essa investigação não é atribuição dos senadores, mas apenas regulamentar o acúmulo de aposentadorias com salário que chegam em alguns casos a R$ 200 mil por mês.

Hoje Renan chegou a defender que todo mundo que recebe penduricalhos acima do teto devolva tudo que recebeu acima do que permite a lei nos últimos cinco anos. Na reunião da comissão hoje foi aprovado requerimento da relatora para realização de duas audiências públicas com representantes de cada poder, para que o seu parecer seja aprovado ainda antes do recesso, que começa dia 17 de dezembro.

Ao ser questionada pelo GLOBO se a existência de 10 senadores que furam o teto, acumulando aposentadoria e salário, não enfraqueceria o trabalho da comissão, Kátia Abreu ficou irritada.

Hoje, na comissão, reclamou que uma jornalista tinha lhe procurado para saber sobre a investigação da Comissão, mas não era sua função fazer caça as bruxas, fulanizar ou fiscalizar A, B ou C que ganha acima do teto.

? Quem disse que estamos investigando? Onde saiu essa informação? Estamos regulamentando. Senador e deputado foram eleitos para isso. Ou estou enganada? Quem investiga é o MPF ? respondeu a senadora Kátia Abreu ao GLOBO, sem se manifestar sobre os senadores.

Ao contrário do entendimento de Kátia Abreu, na instalação, Renan anunciou que a comissão iria levantar a informação dentro dos Três Poderes, e o colegiado também seria responsável por um projeto que desvincula o subsídio dos ministros de tribunais superiores do restante da administração pública.

Membro da comissão, ao sair da reunião da comissão o senador José Aníbal (PSDB-SP) discordou do entendimento da relatora Kátia Abreu.

? A comissão, para regulamentar os abusos do teto, tem que ter um indicativo. Que não digam que é o Manoel, o Pedro ou o João. Mas pelo menos o número de servidores que burlam o teto com acúmulo de aposentadoria e salário no Judiciário, no Executivo e aqui no Legislativo. Nós temos que prestar essa conta a sociedade e em seguida regulamentar os abusos ? disse José Aníbal.