MADRI ? Após sua vitória nas eleições legislativas, mas sem conquistar maioria absoluta, o presidente interino espanhol, o conservador Mariano Rajoy, reclamou o direito a governar, mas ainda não se sabe como ele viabilizará um governo de coalizão já que não conta com o apoio nem do partido liberal Cidadãos nem do adversário, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Tanto o líder do PSOE como o líder do Cidadãos indicaram nesta segunda-feira que não pretendem respaldar a posse do presidente interino, tampouco se absterão.
? Vamos ver se somos capazes de formar um governo em breve e começar a trabalhar ? afirmou Rajoy à emissora de rádio Cope.
Contra todas as previsões, e apesar dos muitos casos de corrupção que envolvem o PP, Rajoy, de 61 anos, conseguiu nestas segundas eleições legislativas espanholas em seis meses levar seu partido de 123 a 137 deputados em um Parlamento de 350 cadeiras.
No pior resultado de sua História recente, o PSOE ficou em segundo lugar, mas perdeu cinco cadeiras em relação a dezembro, ficando com 85 deputados. Os socialistas evitaram serem superados pela coalizão de esquerda radical Unidos Podemos, como apontavam as pesquisas. A aliança do Podemos manteve-se com o mesmo número de assentos ? 71.
Nesta segunda-feira, os socialistas confirmaram a postura de não facilitar um governo conservador.
? Os votos do PSOE que recebemos ontem (domingo) são votos para mudar Rajoy, para mudar as políticas injustas, ineficazes, antissociais do PP ? afirmou o número dois do partido, César Luena, à rádio Cadena Ser. ? Não vamos apoiar Rajoy nem por ação nem por omissão.
Apesar de não apoiar Rajoy, o líder do Cidadãos aposta em um pacto entre o PP e o PSOE. Em quarto lugar, o Cidadãos perdeu quase 400 mil votos e oito assentos, ficando com 32 cadeiras.
A questão agora é, portanto, se Rajoy conseguirá apoio para tomar posse e quanto tempo pode demorar as negociações para a formação de um novo governo. O que não está mais em dúvida é a liderança de Rajoy, à direita, e do socialista Pedro Sánchez, à esquerda.
Após os partidos fracassarem na tentativa de formar um governo de coalizão, o rei Felipe IV foi forçado a convocar novas eleições para romper o bloqueio político na quarta maior economia da zona do euro, com um governo interino desde dezembro. Como na votação de domingo, nenhuma legenda havia conseguido maioria parlamentar.
As legislativas de dezembro resultaram num Parlamento muito fragmentado e provocaram o fim do bipartidarismo entre PP e PSOE, com a entrada em cena de Podemos e Cidadãos, que fizeram campanha com temas como combate à corrupção e críticas à austeridade.
Líder do Podemos, Pablo Iglesias reconheceu o desempenho aquém do esperado e expressou preocupação com o aumento do apoio ao conservador PP. Com o lema da mudança e da esperança, o Podemos nasceu em grande parte do movimento dos Indignados e teve uma rápida ascensão.
? Os resultados não foram satisfatórios. Tínhamos expectativas diferentes ? afirmou.