BRASÍLIA – O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reforçou nesta sexta-feira a avaliação de um quadro mais favorável para a inflação na esteira da recessão econômica e de uma política monetária que considerou eficaz, pavimentando o caminho para um corte mais intenso nos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em janeiro.
? A política monetária tem sido efetiva ? afirmou Ilan em evento em São Paulo nesta sexta-feira, acrescentando que a inflação corrente tem surpreendido favoravelmente, ?com movimento mais dissipado do que apenas a reversão de preços de alimentos?.
Falando sobre os riscos para a inflação, Ilan fez menção à pausa na desinflação de serviços, mas ponderou que isso pode ser revertido diante da contração da economia.
? É verdade que há sinais de uma pausa, na margem, na desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Todavia, surpresas positivas na inflação e a fraqueza na atividade tornam mais provável à retomada do processo de desinflação desses componentes ? disse.
Mais cedo, foi divulgado que a alta do IPCA recuou a 0,18% em novembro, menor nível para o mês em 18 anos, com o índice indo abaixo de 7% em 12 meses pela primeira vez em quase dois anos, o que reforça maiores cortes da Selic no curto prazo.
O presidente do BC mais uma vez destacou a perspectiva de uma recuperação mais lenta da economia, o que já tinha apontado na quarta-feira como um movimento ao qual o BC estava sensível.
? A evidência disponível sinaliza que a retomada da atividade econômica pode ser mais demorada e gradual do que a antecipada previamente ? afirmou ele, acrescentando que ?os exageros do passado estão levando mais tempo para se dissiparem?.
Também ecoando o discurso de quarta, o presidente do BC lembrou que a inflação fechou 2015 em 10,7% e que as expectativas apuradas pela pesquisa Focus são de que vá encerrar este ano ao redor de 6,6% ? patamar próximo ao teto da meta para o IPCA este ano, de 6,5 por cento.
Ilan vinha defendendo que a ancoragem das expectativas é o que abre caminho para a flexibilização nos juros. Depois da divulgação do IPCA de novembro, inclusive, economistas já aventam a possibilidade de o BC conseguir fechar 2016 sem extrapolar a meta de inflação.
O centro da meta deste ano e dos dois próximos é de 4,5% pelo IPCA, mas com margens de tolerância diferentes. Para 2016, essa banda é de 2 pontos percentuais, caindo a 1,5 ponto para 2017 e 2018.
Em seu discurso nesta sexta, Ilan também defendeu a aprovação da reforma da Previdência e da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impõe um teto para o crescimento dos gastos públicos como ?imprescindíveis para pôr em ordem as contas públicas?.
Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, a 13,75% ao ano. Com as mensagens recentes da autoridade monetária, o mercado passou a consolidar apostas de redução mais forte da Selic, de 0,5 ponto percentual, no mês que vem.