SÃO PAULO – A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo vai oferecer recompensa de R$ 50 mil para quem souber o paradeiro dos dois homens suspeitos de espancar até a morte o vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas dentro de uma estação do metrô, na região central da capital. A informação foi confirmada pela pasta e também pelo delegado Osvaldo Nico Gonçalves, diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade), responsável pelas investigações.
? O secretário ligou e pediu para oferecer R$ 50 mil para quem der uma posição verdadeira dos dois ? disse o delegado ao GLOBO, referindo-se ao secretário Mágino Alves Barbosa Filho.
Os acusados seguem foragidos. O crime aconteceu no último domingo, e a Justiça decretou a prisão deles.
O vendedor tentava proteger uma travesti que era agredida por dois homens. Por meio das imagens feitas pelo circuito de segurança do metrô, a polícia chegou a conclusão de que os agressores são os primos Ricardo Martins Nascimento, de 21 anos, e Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26.
Em entrevista à Globonews na tarde desta terça-feira, Nico Gonçalves afirmou que vários locais estavam sendo checados para que os rapazes fossem localizados. Ainda de acordo com ele, o advogado de defesa dos suspeitos contou que tentava evitar as prisões por meio de um contramandado.
? Falei com o advogado e ele está tentando um contramandado, mas tenho certeza de que não vai conseguir – disse o delegado.
O GLOBO entrou em contato com a defesa dos suspeitos, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Os dois rapazes teriam sido repreendidos por uma travesti, que vive na rua, por ter urinado em um canteiro do lado de fora da estação. Os rapazes passaram a discutir com ela e a agrediram.
O delegado Osvaldo Nico Gonçalves disse que uma outra travesti, que estava próxima, também apanhou. O ambulante tentou intervir para acabar com a briga, mas os primos acabaram se voltando contra ele.
Segundo o boletim de ocorrência, Ruas, que há cerca de 20 anos trabalha como ambulante vendendo salgadinhos e refrigerantes na frente da estação, começou a ser agredido e tentou correr para a bilheteria do local, mas foi atingido por vários socos.
Uma foto feita por uma das testemunhas mostra que um dos agressores portava um objeto que parecia ser um soco inglês (objeto de metal usado como uma luva para potencializar os efeitos dos socos).
Mesmo depois de cair no chão e ficar desacordado, Ruas recebeu uma série de socos e chutes por todo o corpo, inclusive na cabeça. Os agressores chegaram a deixar o local e voltar minutos depois para dar sequência às agressões. Ele chegou a ser socorrido por agentes de segurança do metrô e levado para o hospital, onde morreu.
Em nota, o metrô informou que no momento da agressão os agentes de segurança faziam rondas em estações vizinhas e levaram seis minutos para chegar ao local, quando os criminosos já haviam fugido. ?Em colaboração com as autoridades policiais que investigam o crime, as imagens das câmeras do Metrô foram divulgadas e os criminosos identificados?, diz o comunicado.
MORTE GEROU PROTESTO
Ativistas e religiosos realizaram um protesto na tarde desta terça-feira pela morte do vendedor em frente a estação Dom Pedro II, onde o crime aconteceu.
Os manifestantes pediram justiça e mais segurança nas estações de metrô. Participaram do ato o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, e a vereadora Soninha Francine (PPS), futura secretária de Desenvolvimento Social da cidade de São Paulo.
De lá, o grupo seguiu para a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também na região central da cidade, onde fica a delegacia que investiga o crime. O padre Julio e representantes dos manifestantes foram recebidos pelo delegado Nico Gonçalves.