BRASÍLIA – O ex-coordenador financeiro da campanha à reeleição de Dilma Rousseff (PT) em 2014, Edinho Silva, afirmou, em depoimento como testemunha na ação movida pelo PSDB contra a chapa eleita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que a arrecadação era para os dois: Dilma e seu então vice Michel Temer. Ele contou que a campanha era unificada, era uma conta só e que todas as despesas do candidato a vice eram pagas pelo dinheiro que arrecadou.
– Minha arrecadação era só para a chapa – disse Edinho Silva, em depoimento ao corregedor-eleitoral do TSE, Herman Benjamin, no último dia 7, no TRE, em São Paulo. – A campanha era unificada. Era uma só – afirmou o ex-coordenador financeiro da chapa.
Edinho disse que quem era contratado para trabalhar ao lado do vice, na campanha, era pago pelo recurso captado por ele, em doações de empresas. E citou ter pago despesas como locação de aeronaves e de carros blindados para deslocamentos de Temer.
-O vice-presidente Michel Temer fez vários encontros. Ele teve um protagonismo importante na campanha. Cada encontro que ele ia, tinha uma estrutura específica de material para atender a sua demanda – contou Edinho, que se elegeu prefeito de Araraquara (SP) neste ano.
O coordenador e também ex-ministro de Dilma (da Secretaria de Comunicação Social) afirmou ainda que se tratava de uma estrutura só de comícios e que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) fiscalizava os locais com a finalidade de proteger a ambos. Ele afirmou ainda que o comitê financeiro que coordenava atendia também demanda de material do grupo de Temer, como reforçar sua imagem onde o PMDB era forte, e citou o caso do Rio Grande do Sul.
Responsável por buscar doações de empresas, Edinho Silva contou que houve critério rigoroso na escolha desses financiadores. Ele afirmou que, antes de se consumar a doação, a situação da empresa – se estava legal e não tinha problemas – era checada.
– Quando um doador se dispunha a doar, verificávemos se a empresa tinha condições legais de doar…Você tem tradicionalmente as empresas que doam. Grandes empresas, grandes bancos, redes de comércio. O critério não era contrao com o poder público. As empreiteiras têm consgtrato com prefeituras, estados e o governo federal.
Edinho contou que procurava pessoalmente os dirigentes dessas empresas e negou que qualquer recurso que foi doado em 2014 é propina cobrada por contratados desses doadores com a União. “Absolutamente. Nunca aconteceu comigo. Até porque eles diziam estar doando para outras candidaturas também” – disse Edinho, que reforço.
– Agi acreditando que essas doações sempre foram legais e sempre as tratei como doações legais”.
Herman Benjamin perguntou a Edinho se ele, ao pedir doações a empresas, tomou o cuidado de não se contaminar por práticas “não muito ortodoxas” adotadas por correligionários de seu partido. Era uma referência às investigações da Lava-Jato.
– Já tinha (em 2014) a Lava-Jato, mas não os fatos. A orientação muito grande era para que a arrecadação fosse feita no maior rigor possível. Passamos um pente-fino na arrecadação.