SÃO PAULO – O paulistano passa, em média, o equivalente a 45 dias por ano para se deslocar na cidade. É o que mostra pesquisa Ibope realizada a pedido da Rede Nossa São Paulo e divulgada nesta segunda-feira, na semana do Dia Mundial Sem Carro.
De acordo com o levantamento, o tempo médio gasto no trânsito por dia para que as pessoas realizem todos os seus deslocamentos aumentou 20 minutos em relação ao ano anterior. Em 2015, a média do tempo em que o paulistano gastava era de 2h38. Neste ano, subiu para 2h58. Entre quem usa carro todos ou quase todos os dias, o tempo ficou em 3h06. Já para os usuários de transporte público, 3h11.
Já o tempo que o paulistano passa se deslocando para realizar sua principal atividade – trabalhar ou estudar, por exemplo – bateu recorde. O número é o mais alto desde 2009: subiu de 1h44 em 2015 para 2h01 neste ano, um aumento de dezessete minutos. Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, atribuiu o aumento à crise econômica e a necessidade de maior deslocamento entre casa e trabalho.
– As pessoas de menor poder aquisitivo trocaram o carro pelo transporte coletivo e quem usa o carro ainda leva menos tempo. As pessoas estão se deslocando mais para procurar emprego e, quando conseguem, normalmente o trabalho fica distante de casa – explica.
Mesmo assim, no geral, o nível de satisfação com aspectos relacionados à locomoção na capital paulista melhorou. A nota do transporte público, por exemplo, subiu de 4,5 em 2015 para 5,1 em 2016, assim como a quantidade de faixa de pedestres (5,3 para 5,5). A aplicação das leis de trânsito também teve melhora significativa, segundo a pesquisa: subiu de 4,0 para 4,5.
Também é grande o número de entrevistados que aprovam os corredores de ônibus (92%), a abertura de ruas e avenidas (76%) e a aplicação de multas para quem invade faixa de pedestres (88%).
– É uma sinalização de que estamos no caminho certo. Tanto é que nenhum dos candidatos à prefeitura está falando em acabar com essas políticas. Todos falam em aperfeiçar e dar continuidade – ressalta Grajew.
Uma das únicas exceções é a redução da velocidade máxima, alvo de discordância entre os principais candidatos à prefeito de São Paulo. A medida ainda é rejeitada por 50% dos entrevistados, contra 47% a favor.
– Acredito que essa questão da redução da velocidade vai virar algo cultural da mesma forma como as ciclovias e a abertura de vias se tornaram. No início, elas também eram desaprovadas e hoje esse cenário é outro – explica o coordenador da Rede Nossa São Paulo.