Autoridades americanas interceptaram nesta quarta-feira (24) supostos explosivos enviados para o ex-presidente Barack Obama, para a ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton, para o prédio da Time Warner, dona da emissora CNN, e para o governador de Nova York, Andrew Cuomo.
Os incidentes foram registrados menos de duas semanas antes das eleições legislativas nos EUA. Na segunda (22), um pacote semelhante foi interceptado na casa do bilionário George Soros, 88, grande doador do Partido Democrata, em Bedford, na região de Nova York.
Mais cedo, a emissora CNN informou que um pacote suspeito contendo uma bomba improvisada e rudimentar, mas funcional, havia sido endereçado à Casa Branca e interceptado na base militar Joint Base Bolling, na capital Washington D.C. A informação, porém, foi desmentida no final da manhã desta quarta pelo serviço secreto americano.
Informações indicam que os pacotes de Soros, do casal Obama, dos Clinton e um artefato enviado ao ex-secretário da Justiça Eric Holder, que atuou no governo Obama, tinham como endereço do remetente o escritório da congressista democrata Debbie Wasserman Schultz na Flórida. O escritório da própria Schultz foi evacuado nesta manhã, após um pacote suspeito ser encontrado.
O prédio onde fica a Redação da CNN, também em Nova York, foi esvaziado após um artefato suspeito ser encontrado no local. No pacote, que seria endereçado a John Brennan, ex-diretor da CIA (agência de inteligência americana), também foi encontrado um envelope com um pó branco não identificado.
Brennan atuou na administração Obama e frequentemente é convidado pela emissora para comentar. Ele também é um dos críticos ao presidente Donald Trump e teve a autorização de segurança revogada pelo republicano. A permissão garante acesso de ex-autoridades de inteligência e segurança a informações e relatórios confidenciais.
Imagens transmitidas pela emissora mostram seus funcionários nas ruas de Manhattan e o âncora Jim Sciutto em um celular informando que foi avisado de que um pacote suspeito foi enviado ao prédio da CNN.
O ocorrido fez com que uma das emissoras rivais, a CBS News, oferecesse sua estrutura para que a CNN pudesse transmitir seus programas.
Ao menos um dos pacotes tinha o nome de Schultz como remetente, mas não há evidências de que a política tenha enviado o objeto.
Na Califórnia, a Redação do jornal The San Diego Union-Tribune também foi esvaziada nesta quarta, após um artefato suspeito ser encontrado em frente ao edifício onde é produzida a publicação, em San Diego.
No prédio também está localizado o escritório da senadora democrata Kamala Harris, mas sua porta-voz negou que ela tenha sido destinatária de algum pacote.
A polícia foi enviada para reforçar a segurança de outros veículos de comunicação americanos e autoridades realizam buscas para descobrir se artefatos explosivos foram enviados para outras pessoas.
Durante pronunciamento, o governador Andrew Cuomo afirmou que um pacote suspeito foi encontrado com o endereço de seu escritório em Nova York.
Ele disse que "não ficaria surpreso" se outros pacotes forem descobertos.
Em comunicado divulgado na manhã desta quarta, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou que o governo americano condenado a tentativa de ataques violentos recentemente realizados contra o presidente Obama, o presidente Clinton, a secretária Clinton, e outras figuras públicas.
"Esses atos aterrorizantes são deploráveis, e qualquer um que seja responsável deve ser responsabilizado com o máximo rigor da lei", disse.
Sanders afirmou que o serviço secreto americano e agentes da lei estão investigando e vão tomar as medidas apropriadas para proteger qualquer um ameaçado por esses covardes.
Nas redes sociais, o presidente americano encaminhou uma mensagem do vice-presidente Mike Pence e escreveu: "Eu concordo de todo coração". O republicano deve se pronunciar sobre o caso na tarde desta quarta.
Pence, em sua postagem, condenou os ataques e agradeceu pela rápida resposta do serviço secreto, do FBI (polícia federal americana) e dos agentes da lei. "Os responsáveis devem ser levados à justiça."
Enquanto o presidente americano ainda não se manifestou, seu filho mais velho., criticou os episódios em mensagem numa rede social.
O filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr , criticou os episódios em mensagem numa rede social.
"Como alguém cuja família foi diretamente vítima dessas ameaças pelos Correios, eu condeno quem quer que tenha feito isso, independentemente de partido ou ideologia. Essa merda tem de parar, e eu espero que [o responsável] fique na cadeia por um longo tempo", afirmou.
Uma carta foi enviada à casa de Trump no início do ano e fez com que sua esposa, Melania, parasse no hospital. Um homem confessou ser culpado de enviar cartas ameaçadoras com pó branco para os filhos de Trump e outras figuras públicas.
O material enviado para Obama foi encontrado na manhã desta quarta no escritório do ex-presidente, em Washington, enquanto o de Hillary foi achado próximo à casa dela e do marido, o ex-presidente Bill Clinton, em Westchester, Nova York.
Em ambos os casos, os artefatos foram encontrados por agentes do serviço secreto que analisam a correspondência dos dois casais.
Hillary estava na Flórida, em campanha democrata, e nesta quarta participa de um evento do partido na região de South Florida. O ex-presidente Bill Clinton estava em casa e permanece em Nova York.
Porta-vozes do casal Obama não quiseram dizer onde ambos estavam no momento em que os artefatos foram interceptados.
Autoridades policiais afirmam que o artefato encontrado na CNN é semelhante ao enviado para Hillary, Obama e Soros.
Com base na linha do tempo e no material encontrado, eles suspeitam que o mesmo indivíduo tenha fabricado os três explosivos.
Com cerca de 15 cm e recheado de material explosivo, o artefato da casa de Soros foi detonado pelo esquadrão antibombas.
"Os pacotes foram imediatamente identificados como possíveis explosivos durante os procedimentos rotineiros de triagem da correspondência e foram adequadamente tratados como tal", disse o comunicado do serviço secreto. "Os protegidos não receberam os pacotes nem correram o risco de recebê-los".