O aumento excessivo de moradores e de pessoas em situação da rua desde o começo do ano em Cascavel tem gerado preocupação dos moradores e reclamação por parte dos comerciantes, que cobram ações mais efetivas dos órgãos de segurança. O ato de “dar esmolas” tem atraído pessoas de outras regiões, estados e até do Paraguai, aumentando o problema com aglomerações e registro de ameaças, principalmente na região central da cidade.
Em coletiva de imprensa na tarde de ontem (3), os órgãos de segurança, entre eles, a Polícia Militar, Guarda Municipal de Cascavel e Polícia Civil, com apoio das secretarias municipais de Assistência Social e Cidadania – Seaso, e da Proteção à Mulher e Políticas sobre Drogas – Sesd, anunciaram o “Operação Saturação”, que substitui a “Operação Acolhimento”. A diferença de uma para a outra será a intensificação da fiscalização contra a criminalidade que forma mais efetiva.
De acordo com o major Cícero Tenório, da Polícia Militar, há percepção clara percebido de muitas situações ligadas à criminalidade e que, por isso, a operação foi pensada e planejada de forma conjunta para atuar na identificação das pessoas que estão em situação de rua, mas tem algum envolvimento com o mundo do crime, especialmente o tráfico de drogas. As ações serão concentradas principalmente da região da Rodoviária até a Havan, trecho onde o problema é registrado com maior intensidade.
“Atuaremos 24 horas por dia e com muitas equipes para reduzir esse problema que está bastante latente na cidade”, reforçou o major. “No meio deles (pessoas em situação de rua), infelizmente, já tivemos pessoas com passagem, pessoas que vieram de outras cidades, até do Paraguai, com prisões reiteradas e mandados de prisão. Fizemos vários flagrantes na área central”, disse. Segundo ele, durante este ano foram identificadas e detidas nas ações da Operação Acolhimento nove pessoas por tráfico e 21 por uso de entorpecentes. “Passou um tempo que deu uma tranquilizada na situação, mas agora temos uma situação maior que precisa ser combatida”, completou.
O secretário municipal de Segurança Pública, Pedro Fernandes de Oliveira, esclareceu ainda que os guardas municipais têm identificado aumento no número de adolescentes nas ruas, principalmente de meninas. Além disso, o secretário destacou a preocupação bastante latente do setor é com a discussão que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) que prevê a descriminalização do porte de pequenas quantias de drogas para o consumo pessoal. “Cada um que tire as suas conclusões, mas sabemos que isso trará reflexos [negativos]”, alertou.
De outras cidades
O secretário municipal de Assistência Social, Hudson Moreschi Júnior, relembrou que a cidade tem uma ampla rede de atendimento aos moradores de rua e que atua justamente no encaminhamento das pessoas aos serviços. Mesmo assim, muitas pessoas que estão nas ruas não aceitam ajuda, principalmente pelo uso de álcool e drogas e, inclusive, deixaram suas famílias por conta dos vícios. Segundo Hudson, somente de janeiro a julho deste ano, foi identificado um total de 3.080 pessoas diferentes nos serviços e fazer com que estas pessoas retornem as suas cidades de origem “é um desafio”.
O secretário de Assistência Social relatou que somente com o pagamento de passagens, o custo mensal é de cerca de R$ 30 mil. Ele reforçou a importância que as pessoas entendam que quando dão esmola, acabam incentivando as pessoas a permanecerem nas ruas, além de atrair pessoas de outras cidades da região. “Esse é o nosso grande desafio e, por isso, temos a equipe de abordagem que trabalha 24 horas nas ações”. A equipe do Serviço de Abordagem pode ser acionada a qualquer hora pelo celular de plantão o 98431-6376.
A Casa Pop tem capacidade de receber 80 pessoas de forma simultânea. Além disso, Seaso possui convênio com o Albergue Noturno que disponibiliza mais 50 vagas. “Quando o cidadão está numa condição em que ele não tem mais discernimento para decidir sobre sua vida e está colocando a vida de terceiros em risco, vamos até o local e, através de um relatório social, encaminhamos também para a política de saúde; um médico faz o relatório técnico e, se for favorável, acionamos a Sesd para o internamento”, completou Moreschi Junior.
Opção de tratamento
Outra ação que continuará sendo realizada em parceria com a Sesd, é o encaminhamento de pessoas ao tratamento contra álcool e drogas, tanto de forma voluntária, quanto involuntária. Misael Pereira, secretário da pasta, disse que atualmente existem 23 pessoas internadas e 25 acolhidas. “Temos o trabalho sendo realizado por várias frentes, além de atuar como porta aberta na secretaria nesse tipo de situação”, concluiu.
Foto: Secom