Cotidiano

ONGs e oposição denunciam detenção de deputado na Venezuela

CwTMPAiWgAEEolR.jpgCARACAS – O deputado opositor venezuelano Gilber Caro, membro da Assambleia Nacional, foi detido nesta quarta-feira numa sede do serviço de Inteligência, denunciaram ONGs e políticos. Não foi o explicado o motivo para a detenção de Caro ? membro do partido Vontade Popular, do líder opositor Leopoldo López (preso desde fevereiro de 2014).

Segundo o diretor da ONG Foro Penal, Alfredo Romero, Caro foi levado à sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) em Naguanagua, no estado de Carabobo, após horas sem se saber de seu paradeiro. De acordo com um coordenador da Foro Penal, familiares e advogados do congressista ? que tem imunidade parlamentar ? não conseguirem vê-lo pessoalmente.

O Vontade Popular alertou que Caro “teria sido sequestrado”.

“Muito grave: fomos informados de que pretendem plantar fuzis ou explosivos no deputado Caro. Atentos todos”, escreveu o coordenador do partido, deputado Freddy Guevara. “Caro vinha com a mulher em seu carro. Quem acreditará que tinha bombas ou fuzis?”

O líder da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, afirmou que Caro foi detido ilegalmente.

“Já basta de perseguição contra os deputados da Assembleia. Libertem o deputado Gilber Caro, estão violando sua imunidade parlamentar”, escreveu no Twitter a deputada Amelia Belisario.

A Foro Penal estima que haja hoje 103 presos políticos na Venezuela. Alguns deles foram libertados nas últimas semanas como parte de um diálogo entre governo e oposição mediado pelo Vaticano e por ex-presidente internacionais.

Na quarta-feira, a oposição descartou uma retomada das conversas com o governo do presidente Nicolás Maduro, congelado desde dezembro passado, mas se mostrou disposta a conversar com o enviado do Papa Francisco.

“O diálogo não pode ser concebido como uma maneira de fazer o país perder tempo”, declarou Torrealba.

Alegando que o governo não cumpriu com os acordos acertados, os delegados opositores suspenderam sua participação, em 6 de dezembro passado, quando deveria ocorrer a terceira rodada de negociações para superar a crise política e econômica.

Na próxima sexta-feira vence o prazo proposto pelo Vaticano e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) – facilitadores do diálogo – para se criar as condições que permitam a retomada do diálogo.