No dia 21 de agosto do ano passado a liberação do novo Trevo Cataratas Alsir Pelissaro era a principal notícia divulgada pela imprensa regional e estadual, atendendo a uma grande expectativa da sociedade que por pelo menos 30 anos lutou pela obra que viria para melhorar o trânsito e resolver o gargalo de um dos principais entroncamentos rodoviários da Região Sul do Brasil, que liga as rodovias federais BR-277, BR-467 e BR-369. A obra levou um ano e 10 meses para ser concluída, tendo início em outubro de 2020, em plena pandemia.
Depois da festa da inauguração e um ano de operação a pergunta é: A obra atingiu seu objetivo? Em busca dessa resposta, a reportagem do Jornal O Paraná entrevistou alguns representantes do setor que analisaram as mudanças a partir no seu ponto de vista, mas todos foram unânimes a afirmar que os dois principais objetivos da mudança do novo trevo foram atingidos: a segurança e a fluidez do trânsito! Agora, o tempo de deslocamento é bem menor e, além disso, reduziu a quantidade de acidentes graves no entroncamento.
Para o responsável pelo setor de comunicação social da PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Cascavel, Ricardo Barreto Salgueiro, o trevo era um gargalo logístico antigo e o principal problema era a demora para travessia, o que causava grandes filas nos horários de pico, cena bastante comum no início da manhã e no fim da tarde. Porém, atualmente, o trevo “reconfigurado” não se compara com o antigo.
“Temos muitos exemplos a ser dado, como da 369 com a Brasil que hoje não tem obstáculo, mas que antes tinham muitas filas”, exemplificou. Além disso, outro benefício rodoviário é a queda da gravidade dos acidentes que diminuiu drasticamente. Infelizmente, acidentes continuam acontecendo, porém, acidentes com danos materiais. “Nesse um ano não tivemos acidentes graves com capotamentos e nem mortes. E isso é um ponto positivo dessa obra que resolveu o problema do local”, reforçou.
Alguns problemas
Para Salgueiro, existem ainda alguns problemas específicos de acessos, como na 467 e na 369 aonde o espaço do motorista para ingressar acaba sendo curto, situação que vem sendo superada com o tempo, na medida que os motoristas conhecem melhor o novo trânsito do trevo. “A obra que foi pensada em melhorar esse encontro das rodovias, com certeza, atingiu o seu objetivo, já que ela foi planejada para todos”, afirmou.
Para 20 anos
Charlles Urbano Hostins Júnior, superintendente regional oeste do DER-PR (Departamento de Estradas e Rodagem) acompanhou o projeto do início do projeto ao término da obra. Ele disse que o projeto foi aprovado ainda em 2016 e que foi pensando para os próximos 20 anos, ou seja, até 2036. Para ele, o ganho foi enorme para toda a região, principalmente pelo o tempo de deslocamento que era muito maior. “Antes para atravessar o trevo fora do horário de pico, o motorista levava pelo menos 7 minutos e hoje ele consegue fazer em um minuto e meio”, calculou.
Para o engenheiro, isso é reflexo da mobilidade que o novo trevo trouxe, aliado a segurança de tráfego no local, reflexo da melhor organização do trânsito que concentra o encontro de todas as rodovias. “Durante a obra tivemos reclamações e problemas, já que dissemos que é como trocar o pneu com o carro andando, mas, hoje, com ela pronta, acreditamos que cumpriu o objetivo e foi feito o melhor que podia ser feito dentro do espaço que existia”, avaliou.
Novas obras
Charlles lembrou ainda que outras obras que serão feitas com a retomada da cobrança dos pedágios, trarão outros benefícios para a mobilidade viária da região, entre eles, a duplicação da BR-277 entre o Trevo Cataratas até o Trevo do Guarujá, cerca de 10 quilômetros, e a duplicação da BR-369 até o município de Maringá, duas obras previstas para serem realizadas até o quarto ano do retorno dos pedágios.
Segundo Charlles, nesse um ano de novo pedágio não foi feita nenhuma recontagem de veículos, mas que eles acreditam que com certeza tenha aumentado de 45 mil veículos por dia para 55 mil que passam pelo o novo trevo, até devido ao aumento de fluxo de todas as rodovias e de frota. “Com certeza além de melhorar a fluidez e a segurança, o novo trevo trouxe um ganho para toda a economia local”, disse ele, lembrando que antes desse projeto existia um anterior que havia sido executado, que previa a colocação e 7 viadutos, mas que tecnicamente não seria executável.
Fotos TREVO : Secom
Acordo judicial garantiu recursos
A obra do novo Trevo Cataratas, foi financiada por meio de um acordo de leniência entre a Justiça e a concessionária do Lote 3 do Anel de Integração Rodoviário, mas o valor total até hoje continua sendo discutido, visto que os realinhamentos e preço dos materiais sofridos no período ainda estão em análise por parte do DER e da Concessionária Ecocataratas.
O valor inicial proposto para a construção foi de R$ 82 milhões, sendo que outra fatia do valor total de R$ 300 milhões, que teriam que ser devolvidos aos cofres públicos, foi destinado à duplicação da 277 entre o Posto da Polícia Rodoviária Federal e o trevo de acesso ao distrito de São João do Oeste e também à pavimentação de 13 trechos de terceiras-pistas no trajeto de Cascavel a Guarapuava.
Reconfiguração do novo trevo também
trouxe impactos no perímetro urbano
A reportagem do Jornal O Paraná também conversou com a presidente da Transitar, Simoni Soares, responsável pela organização e fiscalização do trânsito no perímetro urbano de Cascavel. Ela lembrou que a autarquia teve acesso a obra poucos dias antes da liberação do tráfego, mas que, mesmo assim, foir possível auxiliar de forma rápida a organização do trânsito no perímetro urbano no entorno do trevo. Durante todo o tempo de obra, a Transitar esteve presente no mesmo auxílio e, depois de pronto, fez as intervenções necessárias em diversos pontos.
Segundo Simoni Soares, houve impacto no trânsito de forma direta nos viadutos das avenidas Olindo Periolo e Rocha Pombo e em diversas linhas do transporte público, que tiveram que ser reorganizadas. “Um dia depois de liberado [o tráfego], já estávamos trabalhando e fazendo as intervenções que já eram necessárias”. Uma delas foi a necessidade da criação do binário da Ruas Ipanema e Copacabana e na Rua Ignácio Fernandes, além de melhorias nas ruas Áustria e Comil, que são vias de acesso ao novo trevo.
Para presidente da Transitar, o trabalho de estudo e de melhorias continua sendo feito, todos atendendo ao Plano de Mobilidade Urbana que foi entregue há pouco tempo ao Município, já que o novo trevo trouxe impactos diretos, principalmente, para os bairros Cataratas e Cascavel Velho. “Em modo geral a obra atingiu o seu objetivo e trouxe uma mobilidade bem melhor para toda a região, resolvendo um gargalo antigo que a cidade tinha”, completou.
Foto Transitar: Secom
BR-277 ficou “elevada” e as
rodovias não se cruzam mais
No novo trevo foram construídos dois novos viadutos de 900 metros, passarelas com escadas e rampas, nove quilômetros de vias, colocados um total de 230 novos postes de iluminação e dois quilômetros de redes de bueiros. As estruturas de concreto dos dois novos viadutos elevaram a BR-277 no sentido Foz do Iguaçu e foram feitas obras de segurança viária com as barreiras de contenção tipo New Jersey, instalação e cabeamento de iluminação do trevo e drenagem superficial.
A readequação permitiu que as rodovias que convergem para o trevo não sofram interferências entre si. Esta característica possibilita um tráfego com maior fluidez e mais seguro, não havendo a necessidade de operação do sistema por sinalização semafórica, conforme a configuração anterior do trevo. O novo modelo de tráfego facilita a logística aumentando a agilidade de escoamento das produções de Cascavel e da região, melhorando também o trânsito de quem trafega a passeio em direção a outros municípios do estado e, claro mais segurança e comodidade para todos.
Bacias de contenção
Uma condição imposta à concessionária pelo IAT (Instituto Água e Terra), órgão ambiental do Paraná, para aprovar a obra foi a obrigação de que o trevo tivesse bacias de contenção subterrâneas. A obra foi feita em cima da transposição do rio Cascavel, afluente do rio Iguaçu e que abastece 70% da população do município. No caso de um acidente, as bacias de contenções terão suporte técnico para armazenar até 400 mil litros de efluentes derramados na pista.
Fonte: Redação O Paraná