SÃO PAULO. O Ministério Público Federal pediu ao juiz Sérgio Moro que adote medida cautelar e proíba Cláudia Cruz, mulher do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de deixar o país. A defesa de Cláudia havia pedido a devolução do passaporte, que havia sido entregue espontaneamente. Os procuradores argumentam que ela é acusada de manter conta não declarada na Suíça, onde foram depositados valores de origem ilícita e pode ter outras contas fora do país.
“Não obstante a conta Kopek estar bloqueada desde 07/04/20154, existe real possibilidade de Cláudia Cordeiro Cruz e/ou seus familiares manterem outras contas bancárias no exterior, havendo risco concreto de eventual fuga e utilização de ativos secretos ainda não bloqueados caso o passaporte seja devolvido. Com efeito, a ocultação de patrimônio e a manutenção não declarada de contas no exterior constitui causa para decretação da medida cautelar da prisão preventiva, com fundamento no art. 312 do CPP, diante do risco à aplicação da lei penal”, afirmou o MPF em documento encaminhado ao juiz.
Cláudia Cruz responde a ação penal na 13ª Vara Federal de Curitiba por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O MPF afirma que ela foi beneficiada com dinheiro de propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido. O deputado Eduardo Cunha nega que a conta tenha sido abastecida com recursos ilícitos e diz que as contas estavam “dentro das normas da legislação brasileira”
O MPF afirmou que ela tinha consciência da origem do dinheiro e que a conta na Suíça serviu para pagar despesas de cartões de crédito no exterior, que somaram mais de R$ 1 milhão em sete anos (2008 a 2014).
No último dia 9 o juiz Sérgio Moro voltou a afirmar que a Justiça estava com dificuldade para intimar Cláudia, pois havia sido informado endereço da presidência da Câmara, que já não é mais ocupada por Cunha, sem que houvesse outro endereço disponível. Na ocasião, o advogado de Cláudia afirmou que já havia recebido a intimação por sua cliente.