Cotidiano

MPF acusa doleiro Lúcio Funaro de ameaçar testemunhas

2010 328429385-2010042835955.jpg_20100428.jpgBRASÍLIA ? O Ministério Público Federal acusou o doleiro Lúcio Funaro, preso nesta sexta-feira em São Paulo, de ameçar testemunhas da Operação Lava-Jato. Segundo o MPF, Funaro e o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teriam procurado um dos delatores em março deste ano. A procuradoria cita o caso de Nelson José de Mello, ex-diretor de relações institucionais do Hypermarcas, que fez delação premiada.

“Nelson José de Mello narrou o pagamento de vantagens indevidas a Eduardo Cunha e Lúcio Bolonha Funaro por meio de contratos fictícios (…) que Lúcio Funaro continuou a procurá-lo recentemente, mesmo após seu desligamento da empresa”, diz o parecer do MPF enviado ao Supremo.

A procuradoria conta ainda que Nelson Mello disse ter sido procurado em casa e por ligações telefônicas em sua residência por Funaro. Segundo o MPF, o doleiro adotava tom ameaçador nas conversas: “Também chama a atenção a agressividade de Funaro no trato com o colaborador, manifestada por termos como ‘você não sabe com quem está se metendo’ e ‘está querendo me foder?’.

Na decisão que mandou prender Funaro, o ministro Teori Zavascki cita trecho de depoimento de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF). Nele, o ex-presidente da Caixa cita como era feita a partilha da corrupção. Segundo Cleto, Lúcio Funaro acertou os detalhes dos pagamentos e informou que o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ficaria com 80% da propina em todos os contratos. Funaro ficaria com os 12% restantes. Cleto disse que recebia 4% e o empresário Alexandre Margotto outros 4%. Segundo Cleto, o valor da propina representava 1% do valor dos contratos com recursos do Fundo de Investimento do FGTS.

Já no pedido de prisão que enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério Público Federal sustentou que há indícios de que Lúcio Funaro presta serviços lavagem de dinheiro para Cunha. “Lúcio Bolonha Funaro tem longa e íntima relação com Eduardo Cunha, havendo fortes evidências no sentido de que o parlamentar utilize os serviços de Funaro para lavar e ocultar valores ilícitos provenientes do esquema em tela, especialmente no que que concerne a Eduardo Cunha”, diz trecho do pedido de prisão que foi acolhido pelo ministro Teori Zavascki.