BRASILIA – Laudos e pareceres técnicos contábeis que constam na ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que investiga a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, eleita em 2014, concluíram que uma das gráficas utilizadas para prestar serviços à essa campanha eleitoral, a Rede Seg, de São Paulo, tinha como dono o motorista Vivaldo Dias da Silva. Na verdade, constataram os peritos, se tratava de uma “interposta pessoa”, um laranja, para ocultar o nome dos reais proprietários, integrantes da família Zanardo.
Vivaldo trabalhou como motorista nas empresas, todas gráficas do grupo, em dois períodos: de setembro de 2009 a abril de 2014 e de janeiro de 2015 a março de 2016. Justamente durante o período da campanha eleitoral, estaria desempregado. Só que nos documentos, ele aparece como titular e administrador da Rede Seg desde fevereiro de 2012. A gráfica registrou ter tido um faturamento de R$ 7,9 milhões com impressão de material para campanhas em 2014. Diante dessas informações, os peritos, indicados pelo Ministério Público Eleitoral, acharam estranho e desconfiaram dessas relações. Como motorista, seu salário registrado era de R$ 1,7 mil.
“Curiosamente, o período em que Vivaldo ficou sem vínculo empregatício coincide com o das eleições de 2014, em que sua empresa faturou R$ 7,9 milhões, somente com serviços prestados a candidatos e partidos” – relatam os técnicos, com base nas perícias e continuaram.
“Sem nenhum demérito à profissão de motorista não é comum alguém detentor de 100% de cotas de uma empresa que fatura aproximadamente R$ 8 milhões com impressão de material publicitário para a campanha presidencial aceitar, alguns dias depois (em janeiro de 2015) emprego para trabalhar como motorista e receber salário mensal de R$ 1.712,00”.
Da campanha de Dilma e Temer, a Rede Seg recebeu R$ 6,1 milhões. Os peritos concluíram que a Rede Seg não possui bens e equipamentos para serem utilizados na confecção de materiais gráficos. E nem apresentaram documentos que atestam que os serviços contratados pela chapa foram integralmente produzidos e entregues à campanha.
O laudo diz que esses fatos relacionados demonstram um emaranhado de vínculos e correlações entre a Rede Seg e Vivaldo juntos as empresas ligadas à família Zanardo, indicando que o controle efetivo da empresa periciada é detido por membros desse grupo empresarial. “Deste modo, as evidências apontam que Vivaldo Dias da Silva trata-se de interposta pessoa utilizada para ocultar os proprietários de fato da empresa Rede Seg”.
Os técnicos apontam ainda que em outro período, de junho de 2001 a maio de 2007, Vivaldo trabalho para os Zanardo como eletricista de instalações.