SÃO PAULO – O ex-ministro Antonio Palocci e seu assessor Branislav Kontic tiveram prisão temporária convertida em prisão preventiva, por tempo indeterminado, pelo juiz Sérgio Moro. Os dois estão desde a última segunda-feira na sede da Polícia Federal em Curitiba, quando foram presos na 35ª Fase da Lava-Jato, a Operação Omertá.
Moro decidiu pela preventiva depois que o Ministério Público Federal afirmou que desktops foram retirados da sede da empresa de Palocci, a Projeto, e que o gato é indicativo de que Palocci e Kontic ocultaram elementos úteis à investigação. Quando os policiais federais chegaram, encontraram as mesas apenas com monitores, móveis e teclados. Os fios dos desktops estavam desconectados. Ouvido pela PF, Kontic teria dito que os desktops foram retirados por serem antigos, mas os procuradores argumentaram que as imagens registradas pela PF indicam que os equipamentos eram “bastante novos e em ótimo estado”.
O MPF afirmou ainda que já provas de que Palocci recebeu R$ 32,7 milhões em dinheiro em espécie, com entregas que relacionam a planilha ?Italiano?, da empreiteira Odebrecht. Os procuradores dividiram as entregas em três lotes: – R$ 16,2 milhões, divididos em 17 entregas de recursos em espécie entre julho e setembro de 2010; R$ 15 milhões em nove entregas entre outubro e novembro do mesmo ano e R$ 1,5 milhão vinculado a pessoa identificada pelo codinome ?Menino da Floresta? na planilha da empreiteira.
Além disso, ao confrontar a planilha “Italiano” com extratos da conta ShellBill, que pertence ao marqueteiro do PT João Santana e à mulher dele, Mônica Moura, o MPF diz ter sido possível identificar depósitos de US$ 11,7 milhões feitos pela Odebrecht por meio da offshore Innovation Research entre julho de 2011 a maio de 2012.
Ao pedir a prisão preventiva, o delegado Hille Pace também havia reforçado, num documento de 86 páginas, as suspeitas de que Palocci fazia a ligação entre o PT e a empreiteira Odebrecht, intermediando assuntos de interesse da empreiteira. Segundo as investigações, o valor alcançaria R$ 128 milhões. Nesta semana, o Banco Central bloqueou, a pedido de Sergio Moro, quase R$ 31 milhões das contas pessoal e da empresa de Palocci.