SÃO PAULO ? Mesmo com a decisão desta quarta-feira do Banco Central de cortar 0.25 ponto percentual da Selic, para 14% anuais, o Brasil segue com a taxa de juro real mais alta do mundo, mantendo o custo de crédito ao consumidor elevado. Levantamento feito pelo economista Jason Vieira,da Infinity Asset Management, que compara a taxa de 40 países, mostra que o Brasil permanece na liderança com folga, com juro real de 8,49% ao ano. Em segundo lugar está a Rússia, com juro real de 4,27% ao ano.
Segundo Vieira, para o país sair da primeira posição do ranking é necessário haver um corte de 4,75 ponto percentual na Selic.
? Sair da primeira colocação levará bastante tempo. Ter o maior juro real do mundo significa que temos um crédito caríssimo, impactando diretamente o bolso do consumidor ? disse.
Cálculo do diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, comprova o alto custo do crédito brasileiro e o mínimo impacto da mudança da Selic numa prestação. No financiamento de uma geladeira de R$ 1,5 mil, em 12 vezes, a parcela antes da queda da Selic seria de R$ 177,94 e agora cai para R$ 177,74. O total pago pelo bem, que era de R$ 2.135,23 com a Selic a 14,25%, agora será de R$ 2.132,88, uma diferença de apenas R$ 2,35.
Por um breve período, em dezembro de 2014, a Rússia ocupou o primeiro lugar da listagem do juro real, depois de elevar sua taxa de 10,5% ao ano para 17% anuais, numa manobra para evitar fuga de capitais. Mas, logo em seguida, o BC russo baixou a taxa e o Brasil voltou a ser o país com o maior juro real.
Veja o ranking dos juros reais pelo mundo:
1) Brasil 8,49%
2) Rússia 4,27%
3) Colômbia 3,61%
4) Argentina 2,55%
5) China 2,30%
6) México 1,35%
7) África do Sul 1,13%
8) Índia 0,95%
9) Indonésia 0,48%
10) Malásia 0,39%