Cotidiano

Lava-Jato devolve inquérito da Bancoop à Justiça paulista

SÃO PAULO. A força-tarefa da Lava-Jato devolveu à 4ª Vara Criminal de São Paulo nesta quinta-feira os autos do inquérito que investiga a transferência de prédios da Bancoop, cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, para a construtora OAS. Em março passado, a juíza Maria Priscilla Oliveira havia declinado competência para o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato, porque as investigações incluíam o tríplex 164-A do Edifício Solaris, no Guarujá.

Segundo denúncia do Ministério Público Federal, o imóvel pertence ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, embora permaneça em nome da OAS. Lula se tornou réu, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Marisa Letícia, por lavagem. Os procuradores federais concluíram que o tríplex e as reformas nele foram pagas com propinas da Petrobras.

Os promotores de São Paulo haviam relacionado a concessão do apartamento a Lula a fraudes no âmbito da Bancoop, que se tornou insolvente e deixou cerca de 3 mil cooperados sem seus imóveis. Marisa Letícia havia comprado uma cota do Edifício Solaris, que correspondia a um apartamento convencional, de três quartos. Para a força-tarefa da Lava-Jato, a OAS fez “upgrade” dando ao casal um apartamento mais caro, personalizado, e ainda forneceu parte do mobiliário e eletrodomésticos como forma de repassar propina

A Bancoop foi presidida por João Vaccari Neto, ex-presidente do PT, já condenado na Lava-Jato. As investigações sobre irregularidades na Bancoop foram iniciadas em São Paulo de os promotores concluíram que, além do benefício a Lula, houve desvio de dinheiro da cooperativa, causando prejuízo aos associados.

Além da família Lula, Vaccari e outras 12 pessoas pelos crimes de estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Entre elas está o ex-presidente da construtora OAS, Léo Pinheiro, também condenado pelo juiz Sérgio Moro.

A decisão de devolver parte dos autos à Justiça paulista foi tomada pelo juíz Sérgio Moro, quando ele aceitou a denúncia contra Lula apresentada pelo Ministério Público Federal. O Ministério Pùblico de São Paulo havia pedido prisão preventiva de Lula, mas o MPF não renovou o pedido.