SÃO PAULO – As primeiras testemunhas de acusação do processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tramita na Justiça Federal do Paraná, começam a ser ouvidas nesta segunda-feira pelo juiz federal Sérgio Moro. O processo apura a propriedade de um tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, atribuída a Lula, bem como melhorias feitas no imóvel e pagas pela empreiteira OAS. A ação também investiga o pagamento, pela OAS, do armazenamento de parte do acervo presidencial de Lula. A primeira audiência está prevista para às 14h.
Os primeiros a serem ouvidos nesta segunda-feira serão os empreiteiros Dalton Avancini e Eduardo Hermelino, além do ex-senador Delcídio Amaral. Na quarta-feira, será a vez dos depoimentos do ex-deputado Pedro Corrêa, do ex-gerente da estatal Pedro Barusco e dos ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa. As oitivas do doleiro Alberto Youssef, do pecuarista José Carlos Bumlai, e dos lobistas Fernando Baiano e Milton Pascowitch estão marcados para a sexta-feira.
Em setembro, Moro aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Lula e outras sete pessoas. A denúncia diz respeito a três contratos da OAS com a Petrobras. Os procuradores acusam o ex-presidente de ter recebido propina por meio da reforma do apartamento no Guarujá.
Moro dispensou a presença do ex-presidente de audiência da ação penal e ele será representado por seus advogados.
PROCESSO
Segundo a denúncia, Lula obteve R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas que lhe foram pagas pela empreiteira, de forma dissimulada, em troca de contratos com o governo federal. Entre 2003 e 2015, os contratos do Grupo OAS com a administração pública federal somaram R$ 6,8 bilhões, 76% dos quais corresponderam a negócios com a Petrobras.
Moro também aceitou as denúncias contra a ex-primeira-dama Marisa Letícia; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; e cinco pessoas ligadas à empreiteira – o ex-presidente Léo Pinheiro e os executivos Paulo Gordilho, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira.