Cotidiano

 Ipardes não recebe contestações da Amop

Documento que seria entregue ao Estado não saiu da região

Medianeira – Um levantamento que estaria sendo elaborado pela Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) em parceria com municípios da região e que contestaria os dados divulgados no mês passado pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre a estimativa populacional ainda não chegou ao Estado. E tampouco alguém sabe dizer se chegará.

O diretor do Ipardes, Julio Suzuki Júnior, disse que o instituto recebeu alguns questionamentos e que esclareceu dúvidas de gestores, mas que nenhum documento assinado pela Amop ou questionamentos feitos por prefeitos da região oeste do Estado chegaram à entidade.

No levantamento do Ipardes, 33 cidades da região, ou seja, 66% dos municípios, perderiam habitantes e 17 ganhariam população, mas em percentuais bastante baixos, numa projeção para o ano de 2040.

A contestação que “estaria” sendo feita pelos municípios da região seria assinada por pelo menos quatro prefeitos, segundo o presidente da Amop e prefeito de Matelândia, Rineu Menoncin, o Teixeirinha.

Na época da divulgação dos dados, Teixeirinha disse que havia discordância tanto de alguns que o levantamento apontava que iriam encolher em vez de crescer e outros com níveis de crescimento considerados muito baixos para os próximos 23 anos.

Este documento deveria ter sido concluído pela Amop há pelo menos três semanas, desde então a reportagem tem tentado diversos contatos com o presidente da entidade, mas não obteve retorno em nenhuma delas.

Para manifestar o descontento com o estudo, uma comitiva chegou a ser anunciada para ir a Curitiba para uma audiência com o governador Beto Richa e este encontro seria agendado até a metade do mês de agosto, mas até agora não se tornou realidade.

Demografia não significa economia, diz diretor

Segundo o diretor do Ipardes, Julio Suzuki Júnior, alguns pontos precisam ser esclarecidos sobre a estimativa anunciada pelo instituto. “Somo um instituto de pesquisa e muitas pessoas relacionam demografia com economia. Cidades que podem perder habitantes ou crescer menos que o esperado não significa que estão com suas economias em queda ou estagnadas. Se fosse por esta ótica os países da Europa e o próprio Japão que estão perdendo habitantes por uma série de fatores estariam com suas economias indo mal, mas não e isso que temos visto na prática. São países muito ricos. Aliás, muitas cidades com perda populacional no Paraná vêm ganhando espaço no PIB [Produto Interno Bruto] estadual”, reforçou.

Segundo o diretor, o instituto atendeu alguns municípios para prestar esclarecimentos sobre estes dados, mas nenhum deles pertence à Amop. “Alguns gestores nos procuraram, mas nada específico da Amop e reforço que não estamos dizendo pela projeção demográfica que este ou aquele município vai mal economicamente ou mal com o serviço público. Nós trabalhamos com a demografia pela demografia e apenas isso”.

Para este levantamento o Ipardes levou em consideração três eixos: a taxa de natalidade – cada vez menor, expectativa de vida – cada vez maior, e os índices migratórios que ocorrem principalmente em cidades menores com pessoas que buscam melhores oportunidades profissionais. “De modo geral, não temos observado grandes variações demográficas no Paraná como as que ocorreram nos anos de 1950 com a chegada dos imigrantes para colonizar a região oeste, depois a perda populacional dos anos de 1970 quando os paranaenses foram embora para o Centro-Oeste do Brasil. Neste momento vivemos uma espécie de estagnação demográfica sem grandes fluxos migratórios. O Paraná é um estado demograficamente consolidado”, encerrou.