Cotidiano

Índia quer criar instituto de pesquisa para desenvolvimento dos Brics

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GOA (Índia) – A expectativa da Índia para a cúpula de Goa, que será realizada neste fim de semana, é alta. O país está na presidência dos Brics e quer deixar um legado para a população além das bandeirolas e outdoors estampados com a cara de cada chefe de Estado do grupo, que estão espalhados pelas ruas das cidades indianas. Uma das ideias é a criação de um instituto de pesquisas e recomendações sobre políticas de desenvolvimento que nortearia o trabalho do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), mais conhecido como do Banco dos Brics. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, para concretizar a ideia, é preciso enfrentar uma dura resistência, principalmente, a do Brasil.

Para o governo brasileiro, o Banco dos Brics já foi um grande passo. A prioridade, agora, deve ser sua consolidação.

? É preciso tempo para que a instituição se consolide. Ela ainda não está plenamente operacional ? disse uma fonte.

A Índia tenta vencer ? até este sábado, quando começa o encontro ? não apenas a recusa brasileira, mas dos demais países. Tanto Rússia, quanto China e África do Sul argumentam que haveria duplicação de esforços, já que serão estabelecidos um centro africano do NBD e outras unidades de pesquisa.

Mesmo assim, a Índia tenta incluir na Declaração de Goa um trecho em que diria que os chefes de Estado pediram aos ministros da área econômica e presidentes dos respectivos bancos centrais que discutam a possibilidade de criar o tal instituto. O Brasil resiste a isso.

ACORDO DO BND E BANCOS DE DESENVOLVIMENTO

Antes da cúpula em Goa, os países dos Brics devem assinar um memorando de entendimento entre o Banco de Desenvolvimento dos Brics e os bancos de desenvolvimento nacionais dos países que compõem o grupo. A solenidade está prevista para esta sexta-feira, em Nova Délhi.

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Ao todo, já foram assinados dez memorandos de entendimento entre os Bancos de Desenvolvimento do Brics. O primeiro empréstimo ao Brasil foi aprovado em abril e será feito pelo BNDES.

O banco também fez uma emissão de títulos verdes no mercado interbancário da China e tem cinco projetos em geração limpa de energia de em seu portfólio ? um em cada país-membro ? com valor total de US$ 911 milhões. Reafirmou o propósito do banco em basear-se nos sistemas nacionais de cada país para captação de recursos e implementação de projetos.

O NBD é o primeiro banco multilateral apenas de países emergentes. Numa reunião em Washington, ainda neste mês, os cinco países devem assinar um acordo com a Corporação Andina de Fomento (CAF) e com o Banco de Desenvolvimento Asiático.

AS RESERVAS DOS BRICS

Para fazer frente às crises, o Brics instituiu uma reserva comum. A avaliação dos chefes de Estado, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, é que o chamado ?arranjo contingente de reservas? está plenamente operacional.

Os Bancos Centrais dos países tem cotas diferentes nessa nova poupança comum: China tem US$ 41 bilhões, Brasil, Rússia e Índia tem a mesma parcela, de US$ 18 bilhões, África do Sul tem uma cota de US$ 5 bilhões. Elas podem ser disponibilizadas em caso de necessidade, ou seja, se houver crise no balanço de pagamentos.