BOGOTÁ ? O governo colombiano e o Exército da Libertação Nacional (ELN) vão anunciar nesta segunda-feira início de negociações de paz, disseram fontes, no que seria um impulso para o presidente Juan Manuel Santos após a rejeição dos eleitores ao acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A presidência confirmou que as delegações do governo e do ELN farão um anúncio na Casa Amarela na cidade de Caracas, na noite desta segunda-feira. Espera-se que as negociações sejam realizadas no Equador.
De acordo com as fontes, as negociações com o segundo maior grupo rebelde da Colômbia serão confirmadas por representantes de ambos os lados em uma entrevista coletiva na Venezuela nesta noite. A chancelaria da Venezuela convocou a imprensa para ?um anúncio importante sobre o processo de paz na Colômbia?.
No fim de semana, o arcebispo de Cali, monsenhor Darío Monsalve, ligado à negociação com o ELN, antecipou à imprensa que ?nesta semana a Colômbia vai ter uma notícia definitiva? sobre o diálogo com a guerrilha. Segundo a imprensa colombiana, Monsalve afirmou que o processo com o ELN contemplará um pré-acordo humanitário.
Apesar de ter sido derrotado no referendo sobre o acordo com as Farc, Santos foi o vencedor do Nobel da Paz 2016, dando um novo impulso às negociações de paz no país.
LIBERTAÇÃO DE REFÉM
Na semana passada, o ELN libertou um refém civil, que foi entregue ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em uma zona rural do departamento de Arauca, na fronteira com a Venezuela.
Esta foi a segunda libertação em uma semana de um refém civil pelo ELN. A anterior, também em Arauca, ocorreu em 29 de setembro, quando rebeldes entregaram o arrozeiro Diego José Ulloque ao CICV, informou a missão de paz da OEA na Colômbia.
O ELN e o governo de Santos anunciaram em março um acordo para iniciar diálogos formais de paz. No entanto, o processo não se instalou porque a guerrilha continua sequestrando pessoas.
Não se sabe o número exato de reféns em poder deste grupo, que pegou em armas em 1964 por influência da revolução cubana, embora fontes oficiais estimem que pelo menos duas pessoas permaneçam em poder dos rebeldes. O governo calcula em 1.500 o número de combatentes desta organização armada.
Uma fonte próxima à guerrilha afirmou à agência AFP que membros da cúpula do ELN e delegados do governo mantiveram reuniões estes dias em Caracas ?buscando uma fórmula para instalar em breve? a mesa pública de negociações.
A recente libertação do civil ocorre quatro dias depois de os colombianos rejeitarem em um referendo um acordo de paz pactuado pelo governo com Farc, a principal e mais antiga guerrilha do país, para superar um conflito interno de mais de meio século.
A Colômbia vive um conflito armado de mais de 50 anos e que envolve guerrilhas, paramilitares e agentes da força pública, com um balanço de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.